quarta-feira, 11 de março de 2020

nº 1946 - Homilia do 4º Domingo da Quaresma (22.03.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Sois Luz no Senhor” 
 Ver com os olhos de Deus!
Jesus viu um cego de nascença, fez lama com a saliva, passou nos olhos dele e disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer Enviado). “O cego foi, lavou-se e voltou enxergando”. A fé é um dom. O cego não pediu. Jesus se apresenta como a luz. A saliva com lama que Jesus passou em seus olhos, pode sugerir que nossa fragilidade, o barro inicial, recebe algo pessoal e íntimo do Senhor. A saliva indica a união profunda que há entre duas pessoas. A luz invadiu a vida do cego. Por que a história desse cego de nascença nesse domingo? O Ano A, na liturgia da Quaresma, está ligado às etapas da iniciação cristã dos adultos. É o momento da iluminação. Lemos o evangelho da samaritana. As águas nos dão a vida. Cristo é a luz que nos ilumina. E no 3º domingo lembraremos que o batismo nos dá a Vida. Nesse esquema podemos nos preparar para a renovação de nossas promessas batismais. Recebemos a luz da fé e começamos a ver com os olhos de Deus. Como o cego que lavou os olhos na fonte chamada Siloé (“Enviado”), nós também recebemos a luz de Jesus, principalmente quando O acolhemos em nossa vida. Lavamos os olhos e passamos a ver com a luz da fé. Fé é ver todas as coisas com os olhos de Deus, isto é, em sua luz. Somente quando deixamos que o Enviado de Deus (Jesus) lave nossos olhos, é que passamos a viver da fé e caminhar na luz. O nome da fonte onde o cego se lavou é Siloé, que quer dizer Enviado. Jesus, enviado para nossa salvação nos lava com as águas, nos ilumina para conhecermos Deus e nos dá a Vida. O batismo é o sacramento que age continuamente em nós, dando-nos a vida através dos demais sacramentos que têm nele sua fonte. O exemplo dado pela escolha de Davi ensina como Deus vê: “O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” (ISm 16,7). 
Outrora éreis trevas! 
A fé é a abertura dos olhos para ver e crer. Crer é a iluminação. A vida cristã que se move pela fé, tem uma visão completa das realidades humanas e espirituais. Sem ela corre-se o risco de tapear a si mesmo com uma tintura de piedade, não ver Deus agindo nas realidades e dirigindo sua Igreja. Há muitos tipos de trevas que nos cobrem impedindo de ver como Deus vê. Temos as trevas do mal, dos pecados que nos impedem a prática do bem; temos as trevas do egoísmo que nos levam a vermos somente a nós mesmos; Temos as trevas da ignorância das coisas de Deus; vivemos somente em busca das realidades mundanas, sem nenhuma referência a Deus e sua Palavra; temos as trevas do mundo que ofuscam nossa visão, não nos deixando ver as coisas de Deus. Por isso Paulo nos desperta a vivermos como luz: “Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça e verdade” (Ef 5,8-9). Por isso lembra: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá” (id 14). O salmo mostra como Deus nos conduz e abre nossos olhos à riqueza da graça. É o salmo do bom pastor que nos conduz (Sl 22). Vimos que o cego entrou em choque com os judeus por ter sido curado por Jesus. Eles não tinham lavado seus olhos. Viver com os olhos iluminados é saber construir uma vida a partir da fé na opção pelo evangelho. A saliva usada por Jesus cria-se uma intimidade com Ele. Essa intimidade ilumina. 
Viver iluminados!
O Batismo realiza em nós esse toque que nos ilumina. É Deus que nos escolhe como escolheu Davi, frágil e deixado de lado entre seus irmãos. Mas Deus vê o coração. Paulo nos ensina como é fácil saber se somos da luz: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as” (Ef 5,8-14). Rezamos oração pós-comunhão: “Ó Deus, luz de todo ser humano que vem a esse mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração”. Usemos o colírio que recupera a fé (Ap 3,18). 
Leituras 1 Samuel 16,1b.6-7.10-13a ; Salmo 22;
 Efésios 5,8-14; João 9,1-41 
Ficha nº 1946 - Homilia do 4º Domingo da Quaresma (22.03.20) 
1. Fé é ver todas as coisas com os olhos de Deus, isto é, em sua luz. 2. Viver com os olhos iluminados é saber construir a vida a partir da fé na opção pelo evangelho. 3. O Batismo realiza em nós esse toque que nos ilumina. 
Bengala de cego 
Um cego que não pediu para ver recebeu a cura por pura gratuidade de Jesus. O motivo era simples: Jesus queria mostrar que Ele é a Luz e abre nossos olhos para que possamos ver com os olhos da fé. Ver Jesus e crer Nele. Ele nos ilumina e passamos a ver, como o cego diz ao final do texto: “Eu creio, Senhor!” . E ainda não sabia quem era Jesus. Tanto para enxergar, como para ver pela fé foram atos gratuitos de Jesus. Jesus foi um suporte de sua vida, tanto para a vista como para a fé. Nossas ações também devem resplandecer a fé que nos faz ver. Jesus sempre vai ser nossa bengala. Mesmo sendo cegos, nós temos apoio Nele.

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