sábado, 6 de fevereiro de 2021

nº 2040 Homilia do 6º Domingo Comum (14.02.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Sede meus imitadores” 
Quero! Fica curado 
Jesus continua seu caminho de evangelização. Mais que ensinar verdades, manifesta a compaixão do Pai. O leproso chega perto de Jesus e diz: “‘Se queres tens o poder de curar-me’. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: Eu quero, fica curado!” Quando diz que sentiu grande compaixão, usa o verbo que indica o movimento do íntimo, envolvimento do amor interno, vindo das entranhas como uma mãe amorosa sente pelos filhos. Essa cena tem algo que passa despercebido. Jesus tocou o leproso. Por que no final do texto diz que “Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade; ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-Lo” (Mc 1,45). Ao tocar o leproso, assume o seu mal, e Se põe voluntariamente fora da assembleia orante, no templo ou na sinagoga. Pela lei sobre a lepra, ele fica nas mesmas condições de leproso diante da lei. O leproso de acordo com a lei do Levítico (13-14), devia andar de vestes rasgadas, cabeça descoberta, com lábio superior coberto, gritando: “Impuro ! Impuro”!, fica impuro enquanto for leproso, fica separado, fora dos lugares habitados. Só o sacerdote teria autorização de examiná-lo e dar um decreto de cura. Jesus se impôs essa situação ao tocar o leproso. Jesus não somente se entrega na cruz, mas se compromete com a situação de todos os doentes e pecadores. Sempre se misturando, como lemos na parábola da ovelha perdida. Por que criticavam? Porque estava misturado com os pecadores. Fazia-se igual (Lc 15,1-7). Não são os sacerdotes que liberam Jesus de sua exclusão, mas o povo que não tomou conhecimento da lei. 
A lepra do mal 
O lindo salmo 31 é uma bela expressão da situação do homem pecador, sua decisão de mudar de vida e louvar a Deus pelo perdão recebido. E estimula a não ser como o jumento que tem que ser freado com a rédea. O pecador diz: “Enquanto fiquei calado mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos”. O mal faz sofrer. Corrói o coração. “Então eu disse: Confessarei o meu pecado”. Reconhecer o próprio pecado já é sinal de vitória contra o mal. Reconhece o quanto Deus faz bem para nós ao perdoar-nos. É como o leproso, que feliz da vida, conta para todo mundo o bem que lhe fez sair do seu pecado. Por isso: “Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Exultai-vos, retos de coração” (Sl.31). Esse salmo, no contexto da cura do leproso, nos convida a manifestar a Jesus nossa situação dolorosa do mal. A pior doença é aquela que a gente silencia e não cura. Ela mata. A luta contra o mal e o pecado parece ter se cansado. Não adianta mais. Chegamos ao ponto de dizer que o mal é o certo, o certo é o errado. Em todos os meios o erro é aplaudido e imposto aos inocentes.
Tudo para a glória 
A vida da graça leva tudo em sua força redentora. Nada no mundo é mau por princípio. Os cristãos eram rodeados de ataques pelo que comiam... Havia muito alimento proibido por leis criadas pelo homem. Paulo diz que tudo é bom, e “quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. Paulo se põe como exemplo nessa situação de proibições inúteis: “Não escandalizar ninguém”. O que fizermos pode contribuir para a salvação ou até prejudicar o irmão. Assim aprendera de Cristo que ficou fora da cidade, para não escandalizar. Jesus condena essa legislação, mas insiste sobre o dever de não escandalizar os fracos. 
Leituras: Levítico 13,1-2.44-46;Salmo 31; 
1Coríntios 10.31-11,1; Marcos 1,40-45. 
Ficha nº 2040
Homilia do 6º Domingo Comum (14.02.21) 
1. Jesus não somente se entrega na cruz, mas se compromete com os doentes e pecadores. 
2. Reconhece o quanto Deus faz bem para nós ao perdoar-nos. 
3. A vida da graça leva tudo em sua força redentora. 
Ver com as mãos 
Jesus fazia os milagres dos mais diversos jeitos. Um deles era tocando as pessoas. Parece que aí lembra o sentimento que temos de ver com as mãos. Se eu não puser a mão, não vi direito. Os cegos veem os objetos tocando. Jesus curou o leproso tocando-o. Ele ficou curado. Agora temos que cuidar de nossos toques, pois podem transmitir vírus. Jesus convida, depois da pandemia, a tocar as pessoas para que sintam sua presença. É mais que simplesmente dizer, ver, olhar. Tocar é comprometer-se. O comprometimento de Jesus com o leproso foi tal que o leproso se curou e Jesus ficou cumprindo uma lei que havia: quem toca um leproso é tido também como leproso. Jesus não teve medo. Ficava fora das cidades porque essa era a lei para o leproso e quem o tocava. Ele se comprometeu.

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