domingo, 28 de fevereiro de 2021

nº 2051 Artigo - Celebrando a Quaresma

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Preparação para o Batismo 
Celebramos a Quaresma como um grande dom de Deus para seu povo. Preparamo-nos com ela para a Páscoa. O Concílio Vaticano II absorveu a recuperação que o Movimento Litúrgico trouxe para a Igreja. Já o Papa Pio XII fizera a reforma colocando as celebrações nas horas que aconteceram para Jesus. Antes era tudo de manhã. A Quaresma retomou seu devido lugar na vida litúrgica da Igreja: “Preparação para a Páscoa”. Não são tradições devocionais, mas o acolhimento do mistério da redenção em nossa vida. Como os judeus podemos dizer: “Éramos escravos e Deus me libertou” (Dt 10,21). Ela responde bem ao convite feito no momento de colocar as cinzas: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Lc 1,15). Esse processo de conversão era realizado durante a Quaresma para o batismo que se realizava na Vigília Pascal. Eram também ungidos, quer dizer, crismados. Para nós, é momento da renovação das promessas do batismo. O batismo é participação do Mistério Pascal de Cristo. O que aconteceu com Cristo acontece conosco. Todos os demais sacramentos bebem nessa fonte inexaurível. A renovação leva-nos a viver mais intensamente esse novo nascimento. Os neófitos, isto é, os que foram batizados naquela noite, saem da celebração do batismo e entram na comunidade para a celebração da Eucaristia com toda a comunidade que os esperara ouvindo a palavra e cantando. Era a festa. Batismo é o sacramento da iniciação cristã. Batismo, Crisma e Eucaristia formam um único sacramento. A Unção da Crisma dá o direito de celebrar a Eucaristia como povo. 
Páscoa em nossa vida 
Também a vida cristã só tem sentido a partir desse momento. O processo de conversão não é só uma superação do pecado, mas também abertura para a vida de fraternidade. O individualismo espiritual não é o melhor caminho para a vida cristã. Certo que cada um deve assumir, mas como parte do Corpo de Cristo. O processo de conversão deve ser assumido também pela comunidade. Não se sentir corpo peca contra o mandamento do amor que é a vida da comunidade. Como o pecado atinge todo o corpo, a graça, muito maior, dá vida a todo o corpo. Nesse tempo temos os muitos meios oferecidos pela Igreja. A conversão será promovida pela escuta da Palavra de Deus, que é abundante e muito educativa. Cada dia nos é dada uma porção de alimento. Por isso, é muito bom estar atento à Palavra proclamada. Junto com a Palavra temos os gestos da caridade. A Campanha da Fraternidade sempre se endereça a um gesto concreto. Não é política, pois é evangelho. O que move é a força do Espírito que sempre acompanha os fiéis. 
Devoções 
Não pode passar despercebida a presença das devoções populares que são um modo de realizar a presença de Cristo Ressuscitado. Devem ser purificadas quando necessário. Mas nasceram do povo que procurava compreender os mistérios de Cristo num aspecto mais visual. O povo não é só intelectual. Mas crê com as mãos e o coração. Usa todos os sentidos para crer. Certos credos cristãos, que negam esse aspecto popular levam a fé a perder também o humano. Quem crê não são ideias, mas pessoas. Somos batizados com água, celebramos com o pão e o vinho, ungidos com óleo, nos casamos com pessoas. Os pecados foram feitos por nós. Por isso as devoções constam do Mistério Pascal vivido. A própria liturgia deve continuar o caminho da inculturação da fé, pois ainda é intelectualizada. A liturgia deve ser orientada, mas deve chegar o último de nosso povo. 

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