quarta-feira, 3 de março de 2021

nº 2045 Artigo - Dimensões da Quaresma

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Batismo e Penitência 
A Santa Quaresma tomou um ar sombrio, um pouco tétrico com muitas proibições: Os santos cobertos de roxo, sem música na celebração, nem flores. Era criado um clima próprio. Ajunte-se a isso o folclore que se formou, sobretudo na Sexta-Feira Santa. No Sábado Santo, cedo, já se fazia a Vigília Pascal. E já se queimava o Judas. O povo ficava na parte das procissões. A mentalidade agora deve chegar a fazer desse tempo uma renovação batismal. É tempo dos batismos de adultos. A comunidade vai viver a experiência do batismo: de livres do pecado, passamos a viver para Deus (Rm 6,4-10). O mistério de morte e da ressurreição de Jesus, ao qual nos unimos pelo batismo, atravessa todo esse tempo. Essa é a contribuição renovada. Se há adultos a serem batizados, devem fazer as celebrações do batismo em comunidade. Por outro lado temos a dimensão penitencial: São dois aspectos: despojar-se e abrir o coração e a vida para os outros. A Campanha da Fraternidade estimula o fiel a voltar-se a uma questão social onde os pobres são as vítimas. Para ir aos pobres é preciso sair de si. Essa é a pior penitência. É preciso desmontar a estrutura de pecado existente em nós e no mundo. Mudar o coração é a palavra da conversão. Trata-se da contínua conversão. Assim é feita a preparação para a renovação do batismo na noite da Vigília Pascal. Desse modo vivemos a Páscoa num processo de ressurreição dos nossos males. Há um longo caminho de catequese a ser feito a todo o povo de Deus. Só o faremos se nos deixamos catequizar pelo povo 
Dimensão eclesial 
A Santa Quaresma é também um tempo propício para a Igreja, povo de Deus que somos todos nós. A vida espiritual perdeu muito do sentido comunitário: Cada um salve sua alma; O pecado e a salvação são individuais. Criou-se uma cultura que influiu até nos ensinamentos fundamentais como é a identidade da Igreja. A Igreja é a união de todos em Cristo. Somos Corpo de Cristo e estamos uns unidos aos outros. A Vida de Cristo percorre todo esse organismo espiritual. Por outro lado, esse corpo de união de todos, é também um corpo sujeito ao pecado. A Igreja é santa e pecadora. Por isso, a Quaresma é tempo para a conversão individual e conversão de todo o corpo. O Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium 110, ensina que “a penitência quaresmal não deve ser somente interna e individual, mas também externa e social”. Os pecados são públicos e assumidos por muita gente. A conversão deve penetrar as estruturas. Foi o que Jesus fez. Não negou o passado, mas iniciou um novo povo. Quando e sse povo peca...deve se converter e fazer ações coerentes de renovação. A Igreja deve promover essa renovação, como fazemos nas celebrações e na Campanha da Fraternidade.
Estações 
Havia um costume muito interessante na Quaresma da Roma antiga, na era cristã. Eram as estações. Cada dia da Quaresma era celebrada a Eucaristia numa das Igrejas. No livro de missa já anotava, por exemplo: Estação São João em Porta Latina. (não tem nada a ver com trem). Os textos da missa tinham referência ao local. Depois desapareceu. São João XXIII, Papa, começou a retornar a esse sistema. Atualmente se faz novamente. O Papa celebra a Quarta feira de Cinzas na Igreja de Santa Sabina. É algo que se poderia fazer nas comunidades da paróquia. Podemos dizer que as reuniões dos grupos de setores que se reúnem na Quaresma, podem corresponder a essas celebrações.
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