quarta-feira, 17 de março de 2021

nº 2049 Artigo - Pastoral da Quaresma

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Para o bem de todos 
O que não é mais o mesmo, insiste em manter as mesmas coisas. A Igreja tem o início na pessoa de Jesus que envia o Espírito para que os apóstolos pudessem evangelizar todo mundo com sua autoridade. São continuação de Jesus e de seu poder. Assim nos escreve S. Mateus: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordeneis. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). Dessa palavra a Igreja fez o seu caminho, procurando sempre o que é melhor para o seguimento de Jesus. Cada época deu sua contribuição. Sempre se convertendo, buscando o melhor modo de compreender a fé e vivê-la na comunidade. A pastoral da renovação parte do conhecimento da Palavra de Deus, da tradição da fé e da necessidade dos tempos. A Igreja não pode se identificar com um modelo humano, mas contribuir para que ele corresponda à resposta que podemos dar a Deus no contexto humano. Por isso, a Igreja sempre se renova (Karl Barth 1947). O que fortalece o conteúdo da fé é sempre apresentá-lo com mais clareza. Não podemos ser medida para Deus. Procura-se o bem do povo de Deus, sem perder a clareza da doutrina. Por isso, o que era bom um dia, nem sempre é bom para todos os dias. A Quaresma, que passou por muitas épocas, trouxe consigo bens a serem mantidos e outros a serem deixados. Ela não existe para si, mas tem a finalidade promover a conversão. Renovamos as promessas do Batismo pelo qual somos inseridos em Cristo. O que nosso tempo tem contribuído para a melhor preparação para a Páscoa?
Páscoa da Ressurreição 
O jejum, a oração e a esmola atravessam os tempos como características da Quaresma. Mas evoluiu para uma compreensão mais aprofundada. Quanto ao jejum: passar fome, muita gente passa, mas não é jejum. A esmola não é só distribuir bens, mas promover a vida em seu sentido integral. Oração não só rezar individualmente, mas tem a dimensão comunitária. Jesus nos salvou individualmente, mas também como parte de um corpo. O Brasil fez uma belíssima adaptação através das reuniões de setores para a vivência comunitária da oração e reflexão da Campanha da Fraternidade, que não existe em outras partes da Igreja. Partimos então para o comunitário, não só individual. É justamente o caminho do Concílio Vaticano II. A dimensão de Páscoa é integrante da Quaresma. Não era antes. Podemos lembrar que o povo todo ia à procissão do Senhor Morto. Mas poucos à celebração da Vigília Pascal, que é fundamental. Não descartou a procissão, mas encaminhou para o fundamental que é a Ressurreição do Senhor. Perdemos valores, mas ganhamos outros. Todos os elementos da piedade popular provêm de uma época em que a liturgia era coisa de padre, rezada em latim. Belezas infinitas. Mas o povo não fazia parte. Cada tempo tem o dever de acolher e o direito de criar o melhor para expressar o mistério. 
Dimensão batismal 
A celebração da Quaresma nasceu da celebração dos batismos dos catecúmenos na Vigília Pascal que é a celebração da Ressurreição que acontece em quem é batizado. Para esse momento foi composta, pelos tempos, uma liturgia própria. Foram feitos belíssimos batistérios, já nos tempos das “Domus Ecclesiae” quando não havia ainda igrejas, mas a celebração “na casa da comunidade”. Os fiéis se uniam aos batizandos acompanhando na preparação e na celebração. Nós, que não vivemos essa realidade. Mudamos o sentido para a renovação do batismo e a retomada da vivência da fé.

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