quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

nº 2043 Artigo - Quaresma

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Reforma litúrgica 
A liturgia sempre passou por renovação. Um princípio da reforma atual foi levar a liturgia ao melhor ponto de sua história, que foi o século VIII. Assim também a Semana Santa. Pio XII fez a primeiras mudanças. O chamado missal de São Pio V, tão venerável e antigo, tem sua base em documentos, mas não tão antigos. Pio V diz que a reforma foi feita na base dos documentos “de nossa biblioteca”. Até o momento do Concílio já haviam sido descobertos documentos muito mais antigos, como são os textos do sacramentário Veronense que tem os primeiros textos litúrgicos para as celebrações. Depois seguem outros. Do ponto de vista histórico, o missal do Vaticano II busca uma tradição muito mais antiga, à qual a reforma de Pio V não tinha acesso. Sobre a Quaresma seu ensinamento é ascético, reduzindo a penitência da Quaresma ao jejum, do qual enumera os frutos. A grande diferença está na dimensão de Mistério Pascal de Cristo que domina o tempo da Quaresma renovada. A penitência, no missal antigo era vista somente em seu aspecto ascético. A reforma eliminou as orações que só insistiam no jejum e na mortificação corporal que reduzia a ascese só à diminuição dos alimentos. Agora salientam os aspectos positivos como a oração e o exercício da caridade. Aliás, não deixar de compreender Precisamos lembrar que tudo era em latim e em voz baixa. O povo fez a sua devoção. 
Características atuais 
Primeiramente os textos são bem mais abundantes. Isso favorece a diversidade das temáticas. Insiste-se na conversão como caminho para a Páscoa, o exercício da caridade, o perdão dos irmãos, a oração e o jejum do pecado. A observância exterior deve ser acompanhada com a renovação do espírito. A celebração penitencial é sinal sacramental de nossa conversão. A penitência quaresmal é vista como um caminho para a Páscoa e participação no Mistério Pascal de Cristo. Essa se exprime nas obras de caridade, no perdão, na oração e no jejum. É tempo de renovação, com um verdadeiro empenho de conversão. O que faz maior diferença é a intensificação da presença da Páscoa que dá sentido e significado a tudo o que é realizado nesse tempo. Certamente estamos vendo que aquele ambiente de seriedade e despojamento não interfere mais na sociedade. Já dizia o profeta: “O jejum que quero é esse: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo... repartir a comida com quem tem fome; dar abrigo aos infelizes sem asilo; vestir os maltrapilhos. Não se desviar do semelhante” (Is 58,6-7). Percebemos que o profeta está muito mais adiantado que nossa época. 
Quaresma, um sacramento! 
Sete são os sacramentos. Nem mais nem menos. Cada sacramento deriva da ação redentora de Cristo. A Igreja se faz sacramento de Cristo ao celebrá-los, unida a seu Redentor que penetra todas as realidades da fé. Por isso, a Quaresma é chamada de sacramento, pois, seus gestos e palavras têm a presença de Cristo que no mistério de sua morte e ressurreição, sua Páscoa, nos libertou do mal e nos introduz no reino de sua graça. Por isso, a Páscoa que preparamos dá sentido à toda a preparação e está presente em seu início e na sua execução. Toda ação litúrgica é ação de Cristo Vivo. O que celebramos proclama essa presença e a torna atuante em nossa vida. A mentalidade pascal é a linguagem dos grandes escritores antigos. Ao retornar ao ensinamento dos antigos mestres, nos tempos do Concílio se retornou à melhor tradição da Igreja.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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