sexta-feira, 1 de abril de 2022

nº 2161 Artigo - Espiritualidade da Quaresma.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Liturgia é vida 
O Ano Litúrgico tem diversas etapas. Temos o hábito de fechar um tempo e esperar que ele volte no ano que vem. Não é uma atitude correta. Ele é vida. E como vida, permanece. Não é uma organização prática da vida oracional da Igreja. É a vivência da manifestação do Senhor que nos envolve e alimenta espiritualmente e encaminha a prática da vida cristã. Não é um texto a ser lido, mas um mistério a ser acolhido. É participação da Vida de Cristo. Como é Vida acompanha nossa vida. Não são textos lidos, gestos feitos, mas encontros com Ele nas diversas etapas de sua vida, celebrados na comunidade. Esse encontro é vida, educação e celebração. Por ele aprendemos a conhecer a Cristo em seu mistério. Recebemos o modo de viver esse tempo de salvação que nos é concedido. E nos alimentamos da graça redentora. O tempo quaresmal é uma etapa do Ano Litúrgico. Encerra-se um tempo, mas continua presente aquilo que foi vivido. Não repetimos a Quaresma, mas ela faz parte da vida e continua a nos alimentar. É Cristo em eterno mistério de redenção. Normalmente, acabado um tempo litúrgico fecham-se os livros e se guardam os adereços. Vivemos o Mistério Pascal de Cristo que nos é sempre apresentado em todas as suas dimensões. Em determinadas épocas salientamos aspectos que nos enriquecem e promovem aprofundamentos sempre maiores que nos levam a viver melhor para melhor celebrar. 
Uma Quaresma como lição 
Como viver o espírito da Quaresma durante o ano? Ela não é triste pela dor de Cristo, mas concentrada no aspecto de permanente conversão. A conversão indica o caminho de melhor conhecer Cristo e vivê-Lo melhor. Assim a conversão é permanente. Mais convertidos podemos celebrar melhor no próximo ano. É a conversão permanente e a valorização da morte do Senhor. Se contemplarmos o aspecto batismal (que não é bem notado no tempo quaresmal, mas é fundamental), poderemos valorizar nosso batismo que não foi um rito que passou, mas é a porta para todos os outros sacramentos. Valorizamos nosso batismo. Damos valores às penitências e cerimônias, mas é tempo batismal. Ela nos reforça no cotidiano de nossa vida cristã que surge do batismo. As penitências podem ser outras, mas não se deve esquecer que todo tempo é tempo de conversão. Mudam os gestos, mas o coração tem que sempre ser cuidado. A Quaresma nos leva a maior concentração. É uma escola para nossas perdas de tempo, nossos devaneios. Conversão penetra nossa vida. O ano litúrgico continua, mas com outros enriquecimentos. 
Tempo de Deus 
Como um dia difere do outro, assim o tempo de Deus é sempre novo. Sempre nos envolve e atrai. Como tempo de Deus, sempre está a nos trazer a novidade de seu Reino e de sua Pessoa. As muitas manifestações são, para nós, permanente chamado a entrar em união a sua Pessoa. Jesus não é um calendário. Ele é a manifestação de Deus que nos atrai para o convívio amoroso. “Como é bom e agradável nosso Deus! Feliz de quem encontra Nele seu refúgio”. Deus está sempre presente. Essa presença nos atrai e nos convida a levarmos adiante seu caminho de redenção a todos. Os tempos litúrgicos oferecem sempre novos conhecimentos e maneiras novas de encontrá-Lo. Assim podemos crescer Naquele que nos amou primeiro.

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