quarta-feira, 22 de março de 2023

A VIDA CRISTÃ

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Como devemos entender a vida cristã? 
Uns falam da prática do bem, outros de evitar o mal. 
Onde estão os fundamentos?
De fato há muita dificuldade de entender onde se localiza a vida cristã. Já nascemos dentro de uma comunidade cristã, muito definida, com uma tradição que é passada naturalmente. Há vantagens, mas alguns noções essenciais acabam por ser prejudicados ou pelo esquecimento, ou porque nos envolvemos com outros dados e obscurecemos partes importantes da Palavra de Deus. Um destes perigos se referem justamente aos fundamentos da vida cristã. No evangelho do domingo passado (Lucas 12,13-21), Jesus fala do perigo das riquezas. E explica que o perigo é ajuntar tesouros para si e não ser rico diante de Deus. Falamos do perigo e não apresentamos a solução fundamental da vida cristã que é ser rico para Deus. Não queremos com isso criar uma mentalidade consumista da vida cristã: vou fazer coisas boas, amontoar rezas, orações e atividades e assim estou bem. Certo que devemos fazer isso também, mas o fundamento está naquela grande riqueza que diz a segunda leitura: (Col 3,3): “Vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. O fundamento da vida cristã é estarmos em Deus. Nisto está a riqueza que devemos fazer crescer em tudo o que fizermos. Assim o bem que fazemos não é amontoar produtos espirituais, mas estar ligado à fonte da vida porque estamos unidos à seiva de vida que é Cristo escondido em Deus. Aqui temos que mudar muito nosso modo de conceber a vida cristã. Há muita leviandade em se compreender a vida cristã: ou nos satisfazemos com três ou quatro quireras, ou compreendemos esta vida a partir do lado negativo, isto é do pecado, do mal e do tentador. A leviandade é não se importar com o profundo da vida espiritual. O negativo é só pensar no pecado, no demônio e em sua ação em nós. Temos que fugir dos dois males. E o modo de superar estes perigos é o conhecimento de quem somos nós: pela encarnação e redenção, estamos “misturados” com Deus. Mesmo que eu esteja fora Dele, Ele está dentro em mim. A vida deve ser a partir dele. Daí surge a necessidade de procurar as coisas boas que Deus realiza em mim. E estas logicamente são um tesouro imenso. À medida em que vou me abrindo à esta vida de Deus em mim minhas ações tomam sentido e o mal que há em mim se dilui automaticamente. Cura-se uma planta murcha com a água viva.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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