segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

nº 1719 Artigo - “O Reino é de todos”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
1990. Onde está o Reino
Falamos muito sobre o Reino de Deus, mas acabamos por não explicá-lo. Os evangelistas trazem diversas parábolas para explicá-lo. Não há uma definição. Quer dizer que não dá para explicar em poucas palavras.  Não temos conceitos que resumam essa maravilha de Deus entre nós. Apresentam diversos aspectos. Por isso mesmo Jesus dizia: “Desejareis ver apenas um dos dias do Filho do Homem, mas não o vereis. E vos dirão: ‘Ei-lo aqui! Ei-lo ali!’ Não saiais; não sigais” (Lc 17,22-23). Para facilitar as pessoas acabaram por identificar Reino com Igreja. Todas as igrejas afirmam: “Minha Igreja é o Reino de Deus” ou “aqui temos tudo para a salvação”. Tem e não tem, pois o Reino é sempre maior que a Igreja e que as igrejas. Podemos dizer que o Reino são as energias divinas que se implantam no mundo sem que o homem saiba, como o crescimento da semente. Não sabemos como (Mc 4,26-29). Onde está o Reino? Está presente como ação de Deus permanente no mundo. Sempre pronto a ser acolhido. Tem uma força transformadora que não depende de nós, nem de nossas leis. Por isso é muito bom a Igreja não querer por freios a Deus. Mas ser a primeira a se abrir à imensa grandeza da bondade salvadora de Deus que quer que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). A força transformadora do Reino conduz todos ao amor ensinado por Jesus. Esse amor ultrapassa os limites humanos e se estende ao infinito. O amor nunca acabará, diz Paulo (1Cor 13,8). É a dimensão infinita do Reino que sai do coração do Pai e vai ao último pequenino.
1991. Quem pertence ao Reino
            Jesus diz ao fariseu que o interrogara sobre qual era o maior mandamento: “Respondeste bem”, quando aponta que é o amor. E completa: “Não estás longe do Reino de Deus (Mc 12,34). Sendo o Reino o dinamismo Divino que penetra todas as realidades, podemos encontrá-lo por toda parte onde se vive o amor. Jesus nos deixou a comunidade da Igreja, fundada sobre os doze apóstolos. Temos esse semente Divina que se desenvolveu muito e penetrou os ensinamentos de Jesus e O anunciou por toda parte. Em dois mil anos a Igreja passou por muitas épocas. Nenhuma pode ser vista nem entendida com um único juízo. Cada época deu sua contribuição e deixou seus defeitos. Compete a nós não fixarmos a Igreja num tempo, mas ver o que Deus quer no momento para o desenvolvimento do Reino no mundo em cada região. Cada povo tem a riqueza que Deus lhe deu para ser um aspecto novo do Reino. Todo aquele que faz o bem no amor e na justiça é já habitante do Reino. Como povo de Deus podemos oferecer sempre mais as riquezas do evangelho para as culturas. Esse é o ensinamento do Vaticano II: “A Igreja deve encarnar-se nas novas culturas como foi a encarnação” (Ad Gentes, 22).
1992. Força do Reino
            Muitas vezes vemos a sociedade do ponto de vista do medo e da crítica felina: “No meu tempo era melhor”. O livro do Eclesiastes já critica essa posição: “Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes; porque não provém da sabedoria esta pergunta” (Ecl 7,10). Se olharmos com sabedoria, veremos que há dificuldades, porque muitas vezes pregamos mal o Evangelho. Mas há grandes riquezas no mundo, nas comunidades que são resultados da ação do Reino. Há muitas atividades e riquezas na sociedade pouco cristã que nasceram dentro da Igreja. Podemos ver as universidades, as obras sociais, o cuidado com o mundo e tantas coisas mais.  O dinamismo do Reino está sempre presente.

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