sábado, 1 de setembro de 2018

nº 1784 - Homilia do 22º Domingo Comum (02.09.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Para que vivais” 
Honrar com o coração
           Voltamos a ler o evangelho de Marcos, depois de termos refletido sobre o ensinamento sobre o Pão da Vida (Jo 6). Hoje ouvimos as palavras de Jesus sobre o puro e o impuro. Esse texto, explicado pelas outras leituras, mostra que a observância da lei mantinha a unidade e a esperança do povo na realização das promessas de Deus que é o sentido da real obediência. Jesus ensina que não se pode deixar de lado a lei de Deus para se fixar em observâncias inventadas pelos homens e mantidas em tradição mais forte que a Palavra.  A rigidez na interpretação da lei criou observâncias que estavam fora do espírito da lei. Era isso que Jesus condenava com toda sua força. Ele era a Lei, como ouvimos em seu batismo e em sua transfiguração: “Este é meu Filho amado, ouvi o que Ele diz” (Mt 17,5). Temos atualmente a tendência de aumentar as observâncias no campo litúrgico e moral e outros. Na verdade é uma desculpa para não cumprirmos o essencial do Evangelho ensinado por Jesus. Jesus não veio abolir a lei, veio levar à sua maturidade através que é a expressão do amor do Pai na realização da lei do amor que redime. Jesus disse: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” (Mc 7,8). Este é o resultado de uma volta a doutrinas de um passado rigorista que foi condenado como heresia e volta com toda a força de verdade. Há pessoas que não aceitam nem o Papa porque cobra simplicidade e autenticidade.  O modelo é sempre Jesus em sua simplicidade, pobreza e dedicação aos sofredores e humilhados.
Lei de ser irmão
           Rezamos no salmo 14 a verdade sobre a vida perfeita. Quem vive com Deus e vai para o Céu? “Quem não prejudica o irmão, não insulta o vizinho, não dá valor ao homem ímpio, não empresta seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente”. A observância fundamental está no mandamento do amor que se expressa de muitas maneiras no relacionamento. Tiago vê no cuidado com os irmãos, o cumprimento de toda lei. Isso vai fazer de nós, como nos ensina o livro do Deuteronômio, um grande povo, isto é, uma Igreja autêntica no amor ao próximo, sobretudo aos humildes. Diz o livro dos Provérbios “Quem zomba de um pobre insulta seu Criador” (Pr 17,5). (Os pobres são os parentes de Deus). Aqui é o momento de revisarmos nossa espiritualidade. Meu movimento, minha associação, minha congregação, meu sacerdócio, meu episcopado e coisas, mais são para quê? Onde se localizam? No meu coração, ou na minha roupa, em nossa euforia espiritual? Há demônio que precisa de muita oração e jejum para ser tirado de dentro de nós. 
Palavra que salva
           Jesus denuncia os fariseus e doutores da lei de ensinarem tradições criadas e abandonar a lei de Deus. Tiago nos diz: “Recebei com humildade a Palavra que foi em vós implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas... A religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,21.27). Viver autenticamente é caminhar na salvação. Obedecer a Lei de Deus e não esconder-se numa falsa religião de exterioridades. Vemos em muitos grupos muita espiritualidade que se torna vazia porque não se cumpre a Palavra de Deus no mandamento do amor. A fé católica nos leva a pensar nos necessitados. Ela é a instituição do mundo que mais faz obra social e caridade no mundo, dizem as pesquisas.
Leituras: Deuteronômio 4,1-2.6-8;Salmo 14; Tiago 1,17-18.21b-22.27;Marcos 7,1-8.14-15.21-23
Ficha: nº 1784 - Homilia do 22º Domingo Comum (02.09.18)
             
              1. Jesus condena a observância das exterioridades que matam o homem.
           2. A autenticidade da fé se mede na caridade autêntica que nos compromete.
           3. A verdadeira religião exige autenticidade na caridade.

                       Vestindo a vida

           Quando vamos escolher uma roupa, procuramos a que nos agrada, mas também que seja de nosso tamanho. Não é possível viver a fé sem que nos vistamos dela para que correspondamos a suas exigências.       
           A fé católica não é só a crença em alguns princípios, mas uma vida e um modo de vida de acordo com Jesus e seu Evangelho. Jesus é muito claro: “Se alguém quer ser meu discípulo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Não é possível salvar-se a não ser em Jesus. Ideologias não salvam. É no coração que residem nossas opções.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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