domingo, 23 de dezembro de 2018

nº 1818 - Homilia da Festa da Sagrada Família (30.12.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Jesus, Maria e José” 
Deus os fez um
           Está entranhado em cada coração o desejo de salvar-se, como se dependesse só da pessoa. Mas Deus não pensou assim quando criou o ser humano, como lemos no primeiro capítulo da Bíblia: “Deus criou o homem a sua imagem; à imagem de Deus, Ele o criou, homem e mulher Ele os criou”  (Gn 1,27). A tradução melhor fica assim: Deus fez o homem (a humanidade). Macho e fêmea os criou. O capítulo 2º descreve a criação do homem e da mulher de um modo diferente, enriquecendo o primeiro capítulo. São textos de época diferente. O que se nota é a unidade fundamental do ser humano feita na complementaridade. Completam-se em todos os aspectos: físicos, psicológicos, espirituais afetivos e tantos mais. Por isso, celebrando a festa da Sagrada Família, lembramos que Deus, para enviar seu Filho ao mundo, quis que o mistério da salvação se realizasse a partir da família. Embora Jesus não seja filho de José segundo a carne, o é segundo o projeto de Deus. Ser família não é um ato social de acordo com as culturas. Também, mas em primeiro lugar é um momento espiritual fundamental para o ser humano no caminho para Deus. Por isso, as virtudes familiares são decorrência dessa unidade primeira. Não diz que para ser família temos que ser bons, mas porque sendo família, temos necessariamente que deixar que elas, as virtudes, floresçam em nós. A família também foi invadida pelo mal do pecado original e tem que procurar, com a fé em Jesus, recuperar sua grandeza.
Família que acolhe
           Como tudo em Deus é misericórdia e amor, as virtudes familiares tendem sempre ao acolhimento. São virtudes que nascem do amor muito concreto na frágil condição humana. Paulo tem certeza que seus fiéis, praticando-as, realizam o evangelho que é a vida da comunidade. Se a família vai bem, a comunidade se sustenta melhor. O amor não é algo poético ou só espiritual. É concreto e toca a carne. Em primeiro lugar o quarto mandamento lembra a obrigação de honrar pai e mãe. Esse mandamento tem a garantia de que sua oração será atendida e garante o perdão dos pecados. Às vezes dizemos que Deus não escuta nossas orações. Mas olhe primeiro como você trata seus pais. Depois faça suas orações com certeza que será escutado. O cuidado com os idosos deve ir até seu momento mais difícil. “A caridade com teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados, na justiça, será para tua edificação” (Eclo 3,15-17). Há todo um modo bonito e frutuoso no relacionamento entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre filhos e pais. Não existe casamento que não dê certo. Basta vivê-lo na maturidade da fé cheia de humanidade.
Quatro estacas
           Paulo, na carta aos Colossenses, nos dá quatro estacas para firmar nossa família: misericórdia, perdão, amor e paz. Com esses pilares e estacas, poderemos firmar nossas famílias. Da misericórdia nascem os demais sentimentos pois ela envolve o ser humano completo no relacionamento. Daí temos a capacidade de perdoar, pois não vamos aos outros de mãos fechadas. Assim podemos amar e viveremos na paz. É muito bom celebrar a festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José. Como nós, eles viveram essas qualidades. Puderam levar adiante a missão que Deus lhes dera preparar o Filho para sua missão.
Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17;Salmo 127; Colossenses 3,12-21; Lucas 2,41-52.
Ficha nº 1818 - Homilia da festa da Sagrada Família (30.12.18)

1. O ser humano, na sua criação determina o modo de se viver.
2. O acolhimento é a condição primeira para se viver em família com garantia do céu.
3. Há quatro estacas para viver bem na família: misericórdia, perdão, amor e paz

                   Endereço certo

       É misterioso para nós essa história de Jesus se encarnar e viver numa família. Não foi de mentirinha, um fazer de contas, uma tapeação, o que não condiz com a sinceridade de Jesus. Tudo que o Evangelho nos diz vem da experiência imediata dos primeiros discípulos. Assim notamos a importância da família para a fé cristã, pois foi este o caminho escolhido por Deus. 
       A celebração da Sagrada Família não pretende ensinar a ser família, mas que é o caminho que Deus escolheu para chegar à vida. As virtudes e os compromissos de uma família não são como que um treinamento para ser bom. Eles nascem da família e se desenvolvem para seu bem. 
       Casar é crer que estamos no caminho de Deus.

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