domingo, 14 de abril de 2019

nº 1849 Artigo - “Tríduo Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
2185. Em memória de mim 
Com a “Ceia do Senhor”, iniciamos os três dias (tríduo) da Páscoa do Senhor. Na Páscoa se realiza para nós a salvação. Aconteceu em um momento da vida de Jesus e nós, pela memória sacramental, o celebramos nos três momentos: Ceia, Morte e Sepultura, e Ressurreição. Esses momentos são um só e único Mistério Pascal. Mistério não por ser incompreensível, mas porque, no sentido original do termo grego, podemos participar dele através de determinados ritos e, nós, como cristãos, através também da fé. Celebrando, fazemos memória e atualizamos o acontecimento e dele participamos como momento de salvação. Jesus o realiza quando, celebrando a ceia com seus discípulos, mandou que fizéssemos a mesma coisa em sua memória. Mas Ele não havia morrido ainda. Por isso podemos fazer após a sua morte, o que Ele próprio realizou antes dela. Fazer memória não é lembrar com fé, mas tornar presente o mesmo acontecimento com o mesmo dom de graça. Por isso podemos celebrar a Eucaristia e dizer: Isto é meu Corpo, isto é meu Sangue. Fazer memória é suplicar a Deus que renove as maravilhas que fez por nossa salvação. Pedimos, é porque temos a certeza que vamos receber, pois o Espírito nos foi dado para nos “ensinar tudo e recordar tudo o que vos disse” (Jo 14,26). 
2186. Tudo está consumado 
Ao contemplar os acontecimentos da Paixão ouvimos diversas palavras de Jesus que, mais que expressões de morte, são caminhos de vida. Posso até dizer que é uma síntese de sua espiritualidade. É seu caminho espiritual. Perdoa os inimigos e diz que não sabem o que fazem. É preciso estar de bem com o mundo e com todos. Inclusive o ladrão é chamado de bom porque está aberto ao Reino e, é acolhido. Todo o ser humano é possível. Está bem com os seus, dando-nos Maria, símbolo da humanidade. O caminho espiritual é sempre estimulado por um desejo. Por isso tem sede. É o anseio louco de Deus, mesmo sentindo o total abandono. Quanto mais temos Deus, mais Ele se faz ausente, para que o crescimento o chegue ao máximo de tudo que poderia ser feito por Deus e para Deus. É o grito da correspondência ao desígnio de Deus. Sentido o total abandono põe-se nas mãos de Deus: “Em vossas mãos entrego o meu Espírito”. Não só Se entrega ao Pai, mas dá o Espírito que O animava e conduzia para que reproduzíssemos em nossa vida o mesmo que fez.
  2187. Ele vive 
A pedra rolada sobre a abertura do túmulo, foi a resposta clara dos que queriam o fim daquela aventura. Mas, ao terceiro dia, na madrugada do domingo, Ele Ressuscitou. E está vivo. Com esse fato comprova todo seu ensinamento. O Pai o ressuscitou. Um anjo removeu a pedra da entrada do túmulo. Durante séculos houve sempre mais interesse em sua morte. A Ressurreição foi deixada de lado na mentalidade do povo. Contudo, aí está o ponto de chegada de todo o desígnio de redenção de Deus. Agora Cristo conduz seu povo, pois venceu a morte. Rezamos na profissão de fé que Ele “desceu à mansão dos mortos (diziam-se infernos), ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus” (profissão de fé). Infernos não é o Inferno, mas o “lugar onde estavam as almas dos mortos. Descer aos infernos significa que Cristo abre a vida eterna a todos. A redenção se destina a todos os povos de todos os tempos. A Vigília Pascal celebra esse momento e nos põe em comunicação espiritual com Ele vivo e ressuscitado. É o que celebramos cada dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário