quarta-feira, 17 de abril de 2019

nº 1850 - Homilia Páscoa do Senhor (21.04.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Este é o dia que o Senhor fez para nós” 
Jesus ressuscitou! 
A alegria dos discípulos, por verem o Senhor Ressuscitado, é o anúncio mais vigoroso da Ressurreição. Mortos não aparecem. Somente os vivos podem se comunicar. Pedro, na casa de Cornélio, acentua que essa presença tão certa que pode afirmar: “Nós que bebemos e comemos com Ele depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,41). Com isso quer salientar sua presença como uma normalidade e verdade, tanto que os discípulos não precisavam perguntar quem Ele era (Jo 21,12). E até comeu um pedaço de peixe diante deles para acreditarem que Ele estava vivo. Não voltou à vida. Passou à Vida. Esta alegria domina os quarenta dias que Jesus esteve Se manifestando a eles até o dia da Ascensão. Mas continua depois, pois ela foi a força que os moveu à grande obra apostólica. Insistem que viram o Senhor ressuscitado. Com a vinda do Espírito, a Ressurreição que era um fato da vida deles, passa a dar e ser vida a seus passos. De agora em diante e eles vivem um novo mundo. Compreendem as Escrituras, sabem discernir o momento que vivem e sabem criar a partir da Vida Nova. “Eis que faço novas todas as coisas”, escreve o Apocalipse (Ap 21,5). Podemos até interpretar o momento presente a partir da experiência dos apóstolos que tiveram vida nova depois da Ressurreição de Jesus. Agora perdemos a ligação com esse momento e passamos a viver a partir de ideias e não de um fato que para Jesus foi total. Por isso foi pleno para os apóstolos. Também nós podemos ver o rosto de Cristo se retirarmos o véu da incredulidade que nos cobre o rosto. 
Viu e creu 
Diante da Páscoa temos a mesma experiência dos discípulos que foram ao túmulo. Pedro entrou no túmulo e viu. João entrou, viu e creu. Não basta somente saber que Cristo está vivo. Crer significa unir todo o conhecimento a uma vida ressuscitada, vivendo a vida nova. Na mentalidade que vivemos de notícias que duram pouco tempo, os mistérios de Cristo podem ser para nós uma notícia a mais que não tem referência com nossa vida. Ocorre que é preciso ver o símbolo do sudário, o lenço que cobriu o rosto do Senhor. Os panos de linhos estavam colocados por terra (Jo 19,6). O sudário dobrado em um lugar, à parte. Não cobria mais o rosto Divino de Jesus. Vendo-O, podemos ver o Pai. A primeira geração viu Jesus para dar o testemunho. Nós podemos “crer sem ter visto” (Jo 20,29). Por isso somos felizes. Por que Pedro somente vê e João além de ver, crê? Trata-se de ver com o amor. João, o discípulo amado pode ser ele mesmo a fazer a conclusão do Evangelho, tendo ele vivido o fundamental que era ser o discípulo amado. Com o rosto do Cristo descoberto podemos completar o conhecimento pelas Escrituras. Elas, a partir da Ressurreição, chegam a sua plena realização. 
Buscar as coisas do alto 
Como acontece a Ressurreição em nós. Como vivemos como ressuscitados? É a vida nova em Cristo, que é a vida batismal, realizada pelo Espírito Santo que faz morrer e ressurgir na fonte da graça. Trata-se de estarmos sempre ligados às coisas do alto para onde somos destinados a viver. Buscamos assim de onde surge a vida e para onde se dirige. Para ser cristão requer-se uma caminhada de acordo com a Ressurreição de Cristo, na vida nova. Por isso temos um cristianismo desfibrado. Não tem, conscientemente noção, de onde vem, nem para aonde vai. As coisas do alto não nos tiram da terra. Elas fazem com que transformemos as coisas da terra em coisas do alto. 
Leituras: Atos 10,34ª.37-43;Salmo 117;Colossenses 3,1-4; João 20,1-9 
Ficha nº 1850 - Homilia Páscoa do Senhor (21.04.19) 
1. A Ressurreição é um fato e não uma ideia. Ele move os discípulos. 
2. Crer significa unir todo o conhecimento a uma vida ressuscitada. 
3. Buscamos assim de onde surge a vida e para onde se dirige. 
Corrida desigual 
Diante da notícia do túmulo vazio, grande prova da Ressurreição, Pedro e João correm. Pedro é mais velho e João jovem. João chega primeiro e espera Pedro chegar. A desigualdade de idade não tirou o dom que Pedro recebera de ser o primeiro a proclamar a fé em Cristo como Messias, Filho de Deus. Pedro entrou e viu. João entrou, viu e creu. Quem tem o primado da fé? O discípulo amado ensina o primado do amor. Porque amou soube entender melhor a notícia da Ressurreição de seu Amado Senhor. A notícia da doença grave de Lázaro foi dada no telegrama do amor: “Aquele que amas está doente”. Jesus demorou para ir. Ele já tinha morrido. Mas o Amor foi maior. Deu-lhe a vida. O amor também é o primeiro a chegar ao túmulo de Jesus, pela Madalena e por João.

Nenhum comentário:

Postar um comentário