terça-feira, 30 de abril de 2019

nº 1853 Artigo - Corpus Christi

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Repartindo o Pão 
Uma história para contar 
Bela a festa do Santíssimo Sacramento! É a que marca de modo inteiro a vida da Igreja e dos que realmente vivem os sagrados mistérios que nos foram confiados por Jesus. Mas esses mistérios estão marcados pelos tempos. Cada época tem uma perda ou um ganho. Por exemplo: No tempo em que não havia missa vespertina, isto é à tarde, era feita a “reza” com bênção do Santíssimo. No momento da bênção se batia o sino. Onde havia respeito, as pessoas paravam, silenciavam e recebiam a bênção. Depois que o sino silenciava, a vida continuava. Agora mudou. Temos a celebração da missa. O respeito pela Eucaristia, por quem conhecia, era muito grande. Agora se perdeu muito a noção do Sagrado. O reconhecimento da presença do Senhor na Eucaristia é uma fineza de amor que vem em primeiro da parte do Pai em nos dar o Filho que Se nos dá, em forma de pão, sua carne e seu sangue para nossa salvação. Os modos como a Igreja e o povo manifestaram esse ato de fé correspondem a tempos determinados. Há os que querem que seja só de um jeito. As coisas mudam. Não pode mudar o conteúdo. Sobre esse se sente que não há tanta atenção. Conservemos o que é fundamental, a partir do Evangelho e interpretado pelo tempo em que se vive. Lembro, de menino, de uma única pessoa ir à comunhão na grande missa das 10 h no domingo. Agora, a bem dizer, todos comungam. Mais antigamente, não se comungava na missa, mas na Capela do Santíssimo. O culto do Santíssimo era distinto da missa. É preciso conhecer mais para interpretar melhor. 
Ver o mundo na Eucaristia 
Além das condições pessoais para receber a Eucaristia como alimento para nossa “alma”, temos que perceber que é uma missão que recebemos. Comemos o Pão da Vida para que seja vida. Nos milagres da multiplicação Jesus pensou no povo que estava com Ele a três dias sem comer... (Mt 15,32). A multiplicação é a maior riqueza da Eucaristia. Multiplica-se e dá sabor a tudo. Lembremos o Maná: “A teu povo, ao contrário, nutristes com um alimento dos Anjos, proporcionando-lhe, dos céus, graciosamente um pão de mil sabores, a gosto de todos. Este sustento manifestava a teus filhos tua doçura, pois servia ao desejo de quem o tomava e se convertia naquilo que cada qual queria” (Sab 16,20). Recebemos a Eucaristia, Cristo vivo em forma de pão, que podemos chamar de vida para o mundo. Quando iremos reconhecer que estamos unidos a Ele nessa mutua alimentação: Ele nos dá a vida de Deus e nós damos vida de Deus ao mundo. A educação espiritual é fundamental para levarmos a Eucaristia ao mundo. 
Adoremos!!! 
Santo Afonso nos escreveu um livro muito pequeno para a visita ao Santíssimo, em 1745 para um encontro pessoal com Jesus Eucaristia. Um confrade meu disse ter visto o Santo Padre Pio tirar esse livro do bolso para rezar. É um instrumento que instrui e ajuda a rezar. Perdemos o sentido da adoração. Adorar é contemplar amando. Assim, não só nas solenes bênçãos do Santíssimo adoramos, mas nos muitos sacrários do mundo e do coração humano. Quem ama vê. Pena que o cuidado com a Eucaristia não demonstra o amor e a fé que possuímos. Muita solenidade em certos atos e nada no real da vida de nossas comunidades, sacrários abandonados e descuidados. Os modos não precisam exagerar, mas devem corresponder à fé e ao amor. Ele não é amuleto de nossa fé. É o Senhor que amamos e queremos ser seus sacrários vivos no mundo. Um mundo eucaristizado é um mundo de irmãos onde não há nenhum abandonado.

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