quarta-feira, 3 de junho de 2020

nº 1968 - Homilia na S. Santíssima Trindade (07.06.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
“Deus é o Amor” 
 Acolhei-nos! 
A celebração da festa da Santíssima Trindade é diferente das outras do Ano Litúrgico. No Mistério Pascal celebramos os fatos da vida de Jesus. São acontecimentos. Hoje celebramos o maior mistério de nossa fé. Celebramos o Deus Trindade “professando a verdadeira fé, reconhecendo a glória da Trindade e adorando a Unidade onipotente” (coleta). Quem é Deus? O evangelista João escreve: “Deus ninguém jamais viu. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este no-Lo deu a conhecer (Jo 1,18). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14,8-9). Então, só podemos conhecer a Deus através de suas obras. No correr da história Deus se manifestou como está escrito na carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora a nossos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio de seu Filho” (Hb 1,1-2). Podemos conhecer Deus, não tanto por uma revelação, mas por suas ações de libertação. No plano da salvação sempre teve ações de misericórdia pelos necessitados. Deus nos criou para nos amar e nos acolheu para nos socorrer. O conhecimento de Deus se faz inverso. Começa por sentir que desceu para libertar. Daí se percebe que escolheu o povo e foi o Criador do mundo. Caminhou com o povo, atendendo assim ao pedido de Moisés no Sinai: “Se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco” (Ex 34,9). A proclamação fundamental resume todo o mistério da salvação: “Deus Amou tanto o mundo que deu seu Filho unigênito para que não morra todo aquele que Nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). 
Amor que se comunica 
Há quem diga que se fala muito do Deus misericordioso, mas se deixa de lado sua justiça. Certamente essa justiça é para ser feita aos outros. E para nós... só a bondade? Temos contas a pagar. Até de nós Ele tem toda misericórdia. Olhemos para a misericórdia que tem para conosco para aprendermos a sermos misericordiosos. É próprio do amor se difundir em atos de misericórdia. Misericórdia não é ter dó. Essa não resolve. São necessários atos concretos. O amor verdadeiro gera atitudes concretas em gestos de comunhão. Paulo exorta: “cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco” (2Cor 13,11). Onde há amor, aí Deus está. Aqui devemos compreender que Jesus não veio fundar uma religião, mas implantar o amor que se tornasse uma onda que transformasse toda a realidade do mundo. Temos muito cuidado com as verdades da fé. Mas não há o mesmo empenho com as verdades do amor. Tiago é muito claro ao dizer que “Assim a fé, se não tiver obras, será morta em seu isolamento” (Tg 2,17). “A religião pura diante de Deus e nosso Pai, consiste em assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guardar-se livres da corrupção do mundo” (Tg 1,27). O amor se comunica em atos. 
Comunhão no Espírito 
A liturgia estimula “a professar a verdadeira fé, reconhecendo a glória da Trindade, adorando a Unidade onipotente” (Oração). O prefácio é um hino: “Proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade”. Nossa união ao Deus Amor é acolher esse amor transmitido por Jesus. Essa união não é um simples bem querer, mas o grande bem querer de Deus que vivemos no Espírito. Esse amor nos dá a certeza e a garantia de estar em Deus e poder chegar a Ele. Vivemos na terra, mas como vimos na Ascensão de Jesus, estamos já no Céu com Jesus, participando da comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito. Essa comunhão é salvação.
Leituras: Êxodo 34,4b-6.8-9; Cântico de Daniel, 3,52-56; 
2 Coríntios 13,11-13; João 3,16-18 
Ficha nº 1968 - Homilia na S.Trindade(07.06.20) 
1. Podemos conhecer Deus, não só por revelação, mas por suas ações de libertação. 
2. O amor verdadeiro gera atitudes concretas em gestos de comunhão. 
3. Nossa união ao Deus Amor é acolher esse amor transmitido por Jesus. 
Assim dá certo 
Quando nos vemos enrolados e em confusão com os outros, pedimos a Deus que nos livre desses males. A resposta milagrosa imediatamente se faz presente. Deus não faz o milagre. Deixa que nós o façamos. Muito simples. Ser como Deus é: bondoso, de uma bondade que não tem limites nem confins. O milagre é fazer como Deus faz: ser misericordioso e gerar comunhão. Aí a gente não quer. Então... Para realizar uma renovação do mundo é necessário ser como é, Aquele que o fez. João nos ensina: andar como Ele andou, referindo-se a Jesus. Ser como Deus é, não é ser Deus com Ele, mas ter em nós aquelas mesmas qualidades que colocou em Jesus. Aí podemos adorar, louvar, bendizer, ficarmos felizes como Jesus fazia com seu Pai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário