sábado, 5 de dezembro de 2020

nº 2021 Artigo - Imaculada Conceição (08.12.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Habitação digna 
Que bom que nossa querida Mãe do Céu tenha esta proclamação tão nobre na santa a Igreja. Maria tem tantos privilégios? Que felizes são os pais e os irmãos, quando os filhos recebem uma vitória, uma medalha, um diploma... De Maria não foram inventadas virtudes, graças e dons. Foram reconhecidos. Os dogmas não são invenções, mas reconhecimento. Por isso, a Igreja se alegra com sua filha predileta, pois ela gerou Aquele que nos trouxe a Vida. Cada dogma nasce como explicação daquela verdade que Maria traz em si. Rezamos no prefácio: “A fim de preparar para vosso Filho mãe que fosse digna Dele, preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude de vossa graça”. Temos os dogmas da Imaculada, da Maternidade Divina, de Virgindade Perpétua. Por todos esses dons será elevada ao Céu. E intervém pelo povo. A Imaculada Conceição é a árvore que dá o fruto bendito. É a nova Eva que não se deixou levar pela tentação da serpente. Maria, como Mãe de tão grande Filho, terá passado por aquelas tentações que Eva passou: “Sereis iguais a Deus” (Gn 3,5). Eva disse sim à serpente. Maria disse sim a Deus. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38). Os privilégios de Maria, como em Jesus, são tocados pela tentação. Ela correspondia e estava sempre meditando em seu coração (Lc 2,19). O Espírito que veio sobre ela na concepção de Jesus permanece como o Mestre que a instrui para que instrua Jesus. 
Em previsão dos méritos de Cristo 
Como podemos entender que Maria vivia na plenitude da graça, antes da missão de Jesus ter se realizado. Como foi redimida, se Jesus não tinha ainda morrido por nós? A resposta está na oração na qual mostra que Deus quis preservá-la de todo pecado em previsão dos méritos de Cristo. A redenção de Cristo, realizada no seu mistério de salvação, é para todos os tempos, não só para o momento. Senão quem veio antes está perdido para sempre. Não rezamos no “Creio”: “Foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia”. Dizíamos “desceu aos infernos”... onde estavam os mortos na espera da salvação, desde Adão. A redenção é para todos os tempos. Maria é a primeira redimida. Jesus não podia entrar na corrente do pecado original, como acontece conosco e somos batizados. Por isso, formou Maria imune de todo o pecado, cheia da graça divina, para poder acolher em seu seio o Germe Divino. Jesus é a semente do mundo que se renovará em sua morte e ressurreição. 
Fomos purificados 
Maria, em sua Imaculada Conceição é modelo da nova humanidade. Modelo de raiz e modelo de vida. Assim nos são curadas as feridas do pecado e nos é estimulada uma vida que lute para tirar o mal de si e do mundo. É uma meta e um desafio. Para isso podemos contar com sua amorosa proteção e guia. Ela foi concebida sem pecado. Por isso pode curar as feridas do pecado que estão em nós. Não é um dom pessoal, mas para todo o povo de Deus. Esse dom não dispensa Maria de continuar na batalha contra o mal, como fez Jesus vencendo as tentações. Ele vencendo, deixando que a Palavra se fizesse carne nela e tomasse forma em sua vida, atenta à compreensão do mistério de seu Filho. Assim, a devoção a Maria, mais que um ato de piedade, é uma atitude de acolher o Evangelho vivido e gerado para o mundo. Seremos imaculados, não por não termos pecado, mas por buscarmos sempre a vida divina implantada em nós pelo batismo.

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