domingo, 27 de dezembro de 2020

nº 2026 - Homilia da Solenidade da Sagrada Família (27.12.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Uma família sagrada” 
Todas as famílias são sagradas 
Com família não se faz poesia, se acolhe um dom. É um retrato divino numa revelação humana. Passado o Natal temos diversas festas que continuam a acolher o Mistério da Encarnação do Filho de Deus. Assim temos uma revelação sobre o projeto de Deus, seu desígnio de salvação, feito à altura das pessoas. Deus não está lá no alto incensado por Anjos. Ele não realiza uma salvação espiritual distante da realidade. Ele é o Emanuel, o Deus Conosco. Pelo fato de se encarnar, Jesus não perde sua Divindade, mas age totalmente como humano. Menos no pecado (Hb 4,15). O prefácio do Natal nos faz cantar: “No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se um de nós, nos tornamos eternos”. Entendo que a salvação é individual, mas, sua consistência se estabelece na comunidade, e essa tem como realização na família, pois ali se pode viver o mandamento do amor que se sustenta na reciprocidade. O amor exige um objeto concreto: amar a Deus e o outro com concretização do amor. A família se torna sagrada, pois é, como que a célula mãe da Igreja. Ela é a Igreja viva. Não são os problemas que qualificam a família, mas o dom de Deus. Nela há espaço para um real e permanente espaço para o mandamento do amor. É lugar da presença de Deus. É o primeiro sacrário de sua presença: “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Ela é a realização do projeto de Jesus: amai-vos. 
Enfeites do lar cristão 
As reflexões da liturgia estão centradas na imitação da Sagrada Família, como vemos também no ofício das leituras, no discurso de Paulo VI na casa de Nazaré... Muito bonito. Na oração rezamos: “Concedei-nos imitar em nossos lares suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa”. Tanto a primeira leitura do Eclesiástico (3,3ss), quanto a carta aos Colossenses nos apresentam as virtudes cristãs da família. O amor é concreto e tem modalidades. No Evangelho lemos o texto da apresentação de Jesus no templo. José e Maria cumprem as determinações sobre os primogênitos. Maria entra realiza a purificação. A família é um dom que deve ser realizado como compromisso. O fato de terem em seus braços o Senhor do Universo, não deixam de viver no universo que os acolheram. Podemos cantar diante da família: “Aqui é Natal! Aqui é Belém”. Certamente muitas vezes as famílias cristãs, que são muito simples, vivem a mesma realidade que José e Maria enfrentaram ao chegar em Belém. Quanta gente está sempre emigrando. Quantas famílias vivem na humildade o amor profundo de Nazaré. As virtudes são como flores que brotam de um ramo saudável. 
Não tenham medo
Podemos até ver que o amor se difunde e se organiza de muitos modos. Mas não podemos ter medo de amar como se amou em Nazaré. É o modelo. A família não se desfaz por mudanças históricas. Permanece com uma missão, como foi a de José e Maria: “E o Menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria e a graça de Deus estava com Ele” (Lc 1,40). Cada filho é educado, como se fosse Jesus. Dentro de cada casa está um ou mais filhos de Deus. A santidade está na atitude de fazer de seu lar, um lar capaz de levar o filho a crescer como Jesus crescia. “E Jesus lhes era submisso” (Lc 2,51). O tempo passa e Jesus quer crescer dentro de uma família. Não são os costumes ou as ideias que fazem o mundo novo. Mas a graça de Deus que é eterna.
Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17ª; Salmo 127; 
Colossenses 3, 12-21; Lucas 2,22-40. 
Ficha nº 2026 
Homilia da Solenidade da Sagrada Família (27.12.20) 
1. Não são os problemas que qualificam a família, mas o dom de Deus. 
2. O fato de terem em seus braços o Senhor do Universo, não deixam de viver no universo. 
3. Não são as ideias que fazem o mundo novo. Mas a graça de Deus que sempre nova. 
A família vai bem. Obrigado. 
A casa do vizinho pegando fogo e a gente não tem água para apagar. Vivemos momentos pouco familiares. Mas... ai de quem toca na minha família. É a velha moda: casinha de sapé... lá no morro, com dois coqueiros. Família é um sonho gostoso que se tem e que dá dor de cabeça. Quer mais do que Maria e José que viveram? Quanto sobressalto. Parece que eles têm tudo de atrapalhado que passamos. Não tenhamos medo de acabar a família. Quando queremos desfazer, acabamos primeiro. Família não é cultura. É vida.

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