domingo, 4 de abril de 2021

nº 2053 Artigo - “Mistério Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Um mistério a descobrir 
A palavra mistério não tem nada a ver com desconhecido ou inacessível. Dizemos mistério da Trindade, não para dizer que é impossível conhecer, mas infinito no seu conhecimento. O termo usado para a compreensão da celebração litúrgica. É um retorno a um conceito importante termo do passado que foi esquecido. O mistério são as realidades salvíficas que nos foram dadas por Cristo. Foi a partir dos meados de 1800 que o termo retornou à teologia. O termo, com toda a densidade que possui, é usado para entender a Páscoa de Jesus em relação a nós. O Abade Dom Odon Casel, grande pensador cristão, nos passou esse ensinamento. A palavra mistérion foi traduzida por sacramentum. Mudou a compreensão. Passou a ser entendido como algo que recebemos. Mistério “é uma ação simbólica que, sob sinais exteriores, torna presente a ação salvífica”. O documento sobre a Sagrada Liturgia no Vaticano II usa o termo mistério pascal. A liturgia é a obra da redenção e da glorificação de Deus realizada em Cristo, foi anunciada e realizada pelos apóstolos através do sacrifício e dos sacramentos. Para a realização da obra da redenção, Cristo está sempre presente de diversos modos, de modo particular na liturgia (SC 7). Quando usamos o termo Mistério Pascal de Cristo, nós estamos nos referindo à Morte e Ressurreição de Cristo como uma ação da qual participamos. Para compreendermos temos que nos referir à Páscoa da libertação do Egito, profecia da Páscoa de Jesus. 
Mistério a viver 
Celebrar a Semana Santa, não é morrer na Sexta-Feira Santa com Cristo, mas Ressuscitar com Ele na Páscoa. Ressurreição não faz parte da espiritualidade e da linguagem de nosso povo. Entendemos bem a Paixão e a Sepultura, mas, não chegamos à Páscoa da Ressurreição. O Mistério Pascal de Cristo é um fato do qual participamos não somente assistimos. Precisamos mudar a linguagem e também o modo de viver. Temos o anúncio dos acontecimentos pela palavra proclamada e sua realização na ação litúrgica celebrada. Somente vamos nos sentir libertos, se nos sentirmos prisioneiros. Por isso a Quaresma quer nos colocar em clima de conhecimento da realidade do Mistério de Cristo e nossa adesão a Ele pela Palavra anunciada. Assim podemos realizar os atos litúrgicos, participando da Eucaristia no Corpo e Sangue do Senhor. O momento central não é a morte dolorosa, mas sua passagem pela Morte e Ressurreição. Cristo faz sua passagem, como primeiro. Celebrando os mistérios da Páscoa, acontecidos em Cristo, fazemos a passagem com Ele. Por isso vivemos a Páscoa. A Palavra anuncia e o rito simbólico realiza. A Quaresma que era aquele movimento de nos conduzir à Páscoa tornou-se um momento independente no qual se faz penitência ou se aprofunda no tema da Campanha. Tudo isso é bom, mas sem deixar a meta que é a Páscoa do Senhor e nossa Páscoa. 
Mistério a anunciar 
Precisamos trazer o Mistério Pascal de Cristo para nossa existência e para nosso ministério de evangelização ao qual estamos comprometidos. Primeiramente temos que entender a Semana Santa não só como atos de piedade e penitência, para a celebração do Mistério Pascal de Cristo. Mas vivê-las em vista da participação da Paixão e Ressurreição de Jesus. Nesse sentido as leituras bíblicas nos ajudam. Elas anunciam e proclamam esse mistério. A participação nas celebrações acolher o mistério. Deus age, mesmo se nossa consciência é pequena. É preciso levar uma vida de ressuscitado. Buscai a vida do alto, como lemos no dia de Páscoa (Cl 3,1). Feliz Páscoa celebrada e vivida.

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