quinta-feira, 15 de abril de 2021

nº 2057 Artigo - Cristo, Luz do mundo

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Celebração da luz 
A imagem mais viva de Cristo ressuscitado é o Círio Pascal. Não é a grande vela acesa mas um fogo vivo. Infelizmente não é percebido o valor de um símbolo vivo, o fogo. A representação não pode se reduzir a imagem do Ressuscitado à matéria morta. A celebração pascal se iniciou com a bênção do fogo novo. Tradicionalmente, o fogo era aceso a partir da faísca tirada da pedra. Com ela se acendia a fogueira. O fogo tirado da pedra significa Cristo Luz que sai do túmulo de pedra para iluminar o mundo. Ele é a Pedra angular e nossa luz vem Dele próprio. Na oração de bênção do fogo se diz: “Ó Deus, que pelo vosso Filho trouxestes àqueles que crêem os o clarão de vossa luz”. Depois se prepara o Círio Pascal desenhando sobre a cera símbolos que o expliquem: Jesus nos remiu pela cruz. Traça-se uma cruz dizendo: Cristo ontem e hoje. Princípio e fim. Colocam-se as letras gregas: “Alfa e Ômega, o princípio e o fim”. Cristo penetra universo e os tempos. A seguir colocam-se os algarismos do ano corrente dizendo: “A Ele o tempo, e a eternidade, a glória e o poder pelos séculos sem fim”. Jesus está sempre presente na história. Colocam-se cinco grãos de incenso no círio com uma súplica: “Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, o Cristo Senhor, nos proteja e nos guarde”. Então o círio é aceso. É uma imagem viva de Cristo que entra na igreja escura, como no mundo. Ele é o sinal de Cristo glorioso. E por isso é louvado e incensado. 
Homens tocha 
Vimos tudo isso na celebração. É um modelo de catequese. Vive-se o símbolo, depois se conhece seu significado. A luz entra pela igreja escura iluminando lentamente num processo de se acenderem as velas dos fiéis por etapa até chegar ao altar. Então se acendem todas as luzes. É Cristo que ilumina o mundo. É uma luz que cresce até à claridade total. Essas cerimônias e seu sentido vêm da tradição primitiva. Enquanto, no batistério, eram celebrados os batismos, a comunidade, na igreja, acendia suas lâmpadas e surge a luz maior, o círio, para passarem a vigília em leituras e cantos, esperando a chegada dos neófitos (novos iluminados pela graça do batismo) para a terceira parte de seu batismo que é a participação na Eucaristia. É o sacramento do batismo na sua legítima unidade: Batismo-Crisma-Eucaristia. A luz de cada fiel é um símbolo de participação na vida – luz de Cristo. Cada fiel é luz. É uma tocha vida que ilumina e aquece. Liturgia é viver e celebrar. O círio pascal permanece aceso em todas as celebrações da liturgia durante todo o tempo pascal. Depois é usado nos sacramentos do Batismo, da Crisma e dos funerais. Fora disso não é correto seu uso e perde seu sentido simbólico. 
Luz nos olhos 
Não somente nos identificamos com Cristo em sua Ressurreição, mas começamos a ver os sinais de Ressurreição pelo mundo, como Jesus os via. Perguntamos: o que Jesus via do alto da Cruz. Via as dores do mundo. Sua oitava palavra, alto brado, se unia a todas as dores do universo. Mas o que via quando sobre o túmulo passava para a vida de ressuscitado? O mundo é bom e traz os sinais de sua Ressurreição. Temos a mesma luz em nossos olhos depois que nos unimos a Jesus vivo e ressuscitado. Vemos as sementes de Ressurreição presentes no mundo. Não esperemos que levemos ao mundo a novidade do Evangelho Vivo. Nós poderemos despertá-los e acolhê-los lá onde Ele os pôs. Não podemos ficar só em sua cruz e morte.

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