quinta-feira, 15 de julho de 2021

nº 2088 - Homilia do 16º Domingo Comum (18.07.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Bom Pastor”
 Teve compaixão 
O salmo que canta o Senhor como o pastor que sustenta, guia e prepara a mesa, retrata o coração de Deus, pastor de seu povo. Jesus traduz esse coração do Pai na realização de sua missão. Para resumir a vida de Jesus em poucas palavras, basta dizer: misericórdia e compaixão. Envolve todo sentimento de Jesus. Não se trata de ter dó, mas de assumir atitudes que resolvam. Por isso Jesus fazia milagres. Essas palavras são o conteúdo de seu ensinamento. Ao assumir sua encarnação, Jesus assume nossa condição humana. Sua atividade se resumia em deixar-se penetrar na vida do povo. A Igreja que continua sua missão, se não se impregnar desse sentimento como vida, não a realiza. Preferimos as idéias que as ações. É comum ouvir dizer de certas mentalidades que não podemos deixar de lado a justiça. Pedimos justiça para os outros. Peçamos que ela nos julgue também. A nossa justiça não tem sentimento. A de Jesus, aprendida de seu Pai, ela significa amor e santidade. Misericórdia não é um sentimento. É uma atitude que chama Jesus de o Bom Pastor. Está totalmente voltado para o bem das ovelhas. O descanso de Jesus se transformou em outro trabalho. O povo não perdoa nem pensa que Jesus precisa descansar e vai em busca do consolo, da cura do conforto. Esse é o descanso de Jesus, pois o povo não o cansava. O povo não é cansativo. 
Ai dos pastores 
Jesus é o bom pastor. O que lemos no profeta Jeremias, 23,1-6, tem o paralelo em Ezequiel 34,1-31: ambos profetizam contra os maus pastores do povo. Os reis eram considerados como os pastores do povo, no lugar de Deus. “A imagem do rei-pastor é antiga no patrimônio literário do Oriente. Jeremias aplicou aos reis de Israel, para lhes reprovar o mau cumprimento de suas funções e anunciar que Deus dará ao seu povo novos pastores, que o apascentarão na justiça” (Biblia de Jerusalém, comentário, pg 11,62). O mau pastor é aquele que, pode ter muita devoção, mas não tem o coração do Bom Pastor. É o que aprendemos da devoção ao Sagrado Coração. Sem isso, o culto se torna vazio. Os maus pastores, tanto da Igreja como da sociedade, pensam em si. Jeremias diz: “Ai dos mais pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem... Vós dispersastes o meu rebanho e o afugentastes e não cuidastes de... Vou verificar e castigar as malícias de suas ações” (Jr 23,1-2). Santo Agostinho, no sermão 46, sobre os pastores, chama-os de “pastores que apascentam a si, não as ovelhas”... Os bons pastores “com liberalidade maior cumprem seu ofício de misericórdia. Podem e, o que podem, fazem”. As ovelhas são os pobres, os sofredores, os doentes e os sofridos... São os de Jesus. 
Novos pastores 
O profeta anuncia os novos pastores que seguem o modelo de Jesus. O pastor que ama seu povo tem criatividade. São pobres porque não exploram as ovelhas. Os outros se enriquecem e o povo permanece sofrido. Como Paulo ensina, leva todos à unidade. O bom pastor conhece as ovelhas e são conhecidos por elas. O Bom Pastor deu a vida por suas ovelhas. O bom pastor compromete sua vida para o bem das ovelhas. Só o será aquele que faz um caminho de santidade com Jesus. Quanto mais seu coração se une ao Coração de Jesus, mais terá as ovelhas em seu coração. Se não busca as ovelhas, não encontra o caminho que Jesus fazia. É na misericórdia que Ele nos salvou. 
Leituras: Jeremias 23,1-6;Salmo 22; 
Efésios 2,13-18;Marcos 6,30-34
Ficha nº 2088
Homilia do 16º Domingo Comum (18.07.21) 
1. Misericórdia não é um sentimento. É a atitude que se chama, em Jesus, o Bom Pastor. 
2. O mau pastor é aquele que não tem o coração do Bom Pastor. 
3. O bom pastor compromete sua vida para o bem das ovelhas.
Aprendendo um ofício 
Como é belo esse ensinamento sobre Jesus, o bom Pastor. As ovelhas encantam, os prados verdes são relaxantes, o pastor transfere para o coração a bondade e o acolhimento. Dever ser bonito. Mas na verdade, um rebanho é uma peleja permanente. Tem de tudo, até os ataques de bichos e de gente. Como Jesus compreendeu seu ministério e tem a ousadia de se chamar de Bom Pastor. É um aprendizado muito exigente. A vida doada ao rebanho, fazendo disso o prazer a alegria, é o resultado desse aprendizado. Vemos em nossas comunidades, no nível religioso e nas estruturas da sociedade, como os “pastores políticos – administrativos” vêem as ovelhas só como boas de voto ou de número. Não é bom. É preciso aprender o ofício no Coração compassivo de Jesus.

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