quarta-feira, 28 de julho de 2021

nº 2091 Artigo - São José nos Evangelhos (3)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Relatos bíblicos 
Em seu ensinamento sobre S. José, o Papa Francisco faz uma retomada de todos os textos que falam de José. É a única fonte que temos. Lemos: Profissão: Era um humilde carpinteiro (Mt 13,55). Estado civil: Desposado com Maria (Mt 1,18; Lc 1,27). Conceito: Um «homem justo» (Mt 1,19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (Lc 2,22.27.39). Comunicação com Deus: Através de quatro sonhos (Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Fatos: Depois duma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, «por não haver lugar para eles» (Lc 2,7) dentro de casa. Foi testemunha da adoração dos pastores (Lc 2,8-20) e dos Magos (Mt 2,1-12), que representavam o povo de Israel e os povos pagãos. Atitudes: Teve a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás «o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1,21). Dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir pertença, como fez Adão na narração do Gênesis (2,19-20). Fatos: No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José, juntamente com Maria, – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (Lc 2,22-35). Situações difíceis: Para defender Jesus de Herodes, residiu no Egito (Mt 2,13-18). Regressado, viveu na pequena Nazaré, na Galiléia – de onde «não saia nenhum profeta» (Jo 7, 52); durante uma peregrinação a Jerusalém perderam Jesus e, angustiados, andaram à sua procura, encontrando-O após três dias no Templo discutindo com os doutores da Lei (Lc 2,41-50). 
Com o coração do Papa 
Percebe-se como o Papa Francisco leu com carinho todas essas passagens da Escritura sobre S. José. Esse Papa não tem medo de ser gente e deixar falar o coração e não a biblioteca. Lembrando que está comemorando um gesto do Papa Beato Pio IX, recorda que “nenhum santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como S. José”. Pio IX o declara “Padroeiro da Igreja Católica”. Pio XII apresentou-o como “Padroeiro dos Operários”. São João Paulo II, declara-o como “Guardião do Redentor”. O povo, mais prático, o chama de “padroeiro da boa morte”. No Brasil, no censo de 2010, havia 5,7 milhões de pessoas com o nome de José. Ele é o banco para onde acorrem os responsáveis das finanças na Igreja, quando se rapa o fundo do cofre. Com o coração cheio de simplicidade, comemorando os 150 anos da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Católica, assim escreve: “Para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós”. 
Presente no meio do povo 
O Papa Francisco escreve, como bom devoto, “que todos podem encontrar nele –que passa despercebido, o homem da presença quotidiana, discreta e escondida - um intercessor e um guia nos momentos de dificuldade”. Dá a impressão que São José está do nosso lado, é um dos nossos e não um santo distante, num altar. Faz também um paralelo com os que, na pandemia, dedicaram-se silenciosamente, pela maré de infectados e no meio de tantos mortos. Seus nomes não são lembrados. Mas eles foram decisivos para a salvação de tanta gente. Diz também: “São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão”.

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