sábado, 6 de novembro de 2021

nº 2121 Artigo - Pensando santidade

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Santidade, coisa de humanos 
A temática da santidade é muito vasta e diversificada. O grande risco é não chegarmos a uma espiritualidade com veias humanas. Espiritualidade é a manifestação da santidade de Deus em nós, nas condições humanas. Os santos, depois de colocados no altar, são magníficos. Não eram assim no cotidiano. Eram humanos. E em condições humanas. Se não é humano, não é santo. Se formos ver os santos que estão em nossos altares, sabemos que foram pessoas extraordinárias. Mas nos esquecemos de seu ser humano. Eram pessoas normais. Tinham defeitos, até mais que nós. O provérbio sobre os santos é interessante: “Viver com um santo no Céu é uma glória. Viver com um santo na terra é outra história”. Todos nós somos humanos. O que têm de especial? Buscam viver a vida cristã, trabalhando para vencer o que é mau, dedicando-se a Deus numa condição concreta. Eles têm pecados, mas tem a conversão e a busca constante de Deus. Com o tempo, depois de suas mortes, esses defeitos vão desaparecendo e fica só a ação de Deus em suas vidas. Esses santos dos quais falamos maravilhas não foram seres fora da realidade. Cada um tem sua maneira de ser. Têm até defeitos e jeitos que atrapalham. Por isso temos que correr de certas espiritualidades que anulam o ser humano. Quanto mais humanos, mais aptos para viver a graça de Deus, que foi feita para humanos. Por isso temos que ter olhos espirituais para ver Deus agindo nessas pessoas. 
O espiritual à altura do coração 
Não é fácil ser santo. Por outro lado, é muito fácil ser santo. Quem é santo? Você! Ela! Ele! Nós! Isso porque vivemos a graça de Deus em nossa condição. Viver a graça é ter a capacidade de amar que provém de Deus. Amar é nosso querer bem. A primeira exigência é ser humano, pois os nossos santos vivem no meio de nós. Gente de nossa gente. Quem é o santo? Olhemos para o povo que vive essa situação dolorosa da vida com simplicidade, lutas e empenho. Imaginemos uma mãe de família na batalha pelo pão de cada dia. Normalmente o marido já sumiu. Ou pai que vê, com o coração apertado, a situação exigente. Sobre o pobre não dá para fazer poesia, é rosário de dores. Mas há no coração uma alegria. Pior é pensar que o santo é o que está protegido num convento, que vive em orações, palavras e vestes bonitas. Certo que também eles. Mas vamos buscar o homem e a mulher que são como Jesus. Jesus não foi aceito porque era humano demais. Temos belas imagens de Jesus. Mas o homem de Nazaré era humano. Por isso, a espiritualidade tem que estar à altura do coração, isto é, coisa de gente. Na história temos santo para todo gosto. O que Jesus apresenta é a espiritualidade que vivia: as bem-aventuranças. Aqueles que parecem extravagantes foram feitos assim pela fantasia popular. 
Espiritualidade das mãos. 
O santo nos compromete a viver o que ele viveu buscando Jesus e os irmãos. Não encontramos santos que tenham sido distantes do povo. Mesmo que fossem de classe alta, eles sabiam buscar os pobres. Sem pobre ninguém fica santo. Santidade buscada com as mãos estendidas aos irmãos. Devemos ter o cuidado com os pobres, mas também ter um coração pobre, aberto às necessidades de todos. Jesus sintetiza essa verdade nas palavras da última Ceia: “Estou entre vós, como aquele que serve” (Lc 22,27). Mais que dar coisas, dar-se como serviço aos que necessitam. Esse serviço envolve toda a vida da sociedade. Se fizer bem às pessoas, é vida espiritual. Não há carimbo nem etiqueta.

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