quinta-feira, 11 de novembro de 2021

nº 2122 - Homilia do 33º Domingo Comum (14.11.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Aprendei da figueira”!
Minhas palavras não passarão 
Chegando ao fim do Ano Litúrgico e início do Advento, entramos na temática do fim dos tempos. A segunda vinda de Cristo era uma expectativa forte na comunidade primitiva e se desenvolveu através da história. Atualmente, perdeu-se muito a noção de sua segunda vinda, para um termo mais vago, como Ele está vindo... sempre. O livro do Apocalipse e o Evangelho desenvolvem essa reflexão usando uma linguagem “apocalíptica”. Apocalipse significa revelação, isto é, descobrir o que está encoberto. Temos de distinguir a linguagem da realidade e da Palavra de Deus. O valor das palavras está no simbolismo que elas encerram. Temos que entrar no conhecimento dos símbolos para captar a mensagem. É por isso que Jesus diz: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,30). Aos que vivem temendo ou anunciando a hora, temos as palavras de Jesus que nos acalmam: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Id 32). Jesus quer ensinar que não é preciso esperar a hora, mas viver o momento presente olhando os sinais dos tempos para entender a ação de Deus. Deus não vem para destruir, mas para dar o prêmio e nos levar consigo (1Ts 4,17). Os textos querem nos afirmar a importância de nossa fé em Jesus. Trata-se de uma fé que modela a vida de acordo com o Reino de Deus que não é um futuro, mas um presente coerente com a Palavra de Jesus. Não é possível uma fé sem Jesus e sua palavra. 
Em Deus me refugio (Sl 15) 
Nossa vida cristã nos traz segurança. A fé é tudo. Mas, na verdade, vivemos sem um apoio e ficamos procurando coisas que nos garantam. Por isso elevamos nossa oração fervorosa: “Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, meu destino está seguro em vossas mãos. Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se O tenho a meu lado não vacilo” (Sl15). A fé nos leva a um exercício permanente de buscar Deus em nossa vida. Para isso fazemos tantas coisas como que para nos garantir. Há gente que faz até “benzimento” de fechar o corpo. Alguns usam o texto de Paulo sobre a armadura do cristão: “Revesti-vos da armadura de Deus”. Lêem como se tivesse garantindo o corpo: “Cingi vossos rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça. Calçai vossos pés com a preparação do evangelho da paz, empunhando o escudo da fé, ... tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus” (Fl 6,14-17). Não fecha o corpo, mas nos dá condições de lutar contra o mal com a verdade, a justiça, a salvação e a Palavra de Deus. Em toda batalha temos o refúgio em Deus: “Vós me ensinais o caminho da vida; junto a vós, felicidades sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado”.
Tornou perfeitos 
A Carta aos Hebreus nos oferece uma garantia em nossa fé. Será que seremos salvos? Onde se fundam nossas certezas e incertezas? Paulo usa a comparação do Cristo Sumo Sacerdote e o sacerdócio do Antigo Testamento. Este oferecia sacrifícios muitas vezes, incapazes de salvar. Cristo ofereceu um sacrifício único para o perdão dos pecados. Já estamos todos perdoados, pois “com esta única oferenda, levou à perfeição definitiva os que santifica. Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado” (Hb 10,14). Já temos garantido o perdão. Vivemos a perfeição de Cristo, pois fomos redimidos em sua morte e ressurreição. Temos que acolher a graça com alegria. Vivemos pedindo um perdão que já recebemos. Basta aproveitar e viver a graça da vida nova conquistada por Cristo.
Leituras: Daniel 12,1-3; Salmo 15; 
Hebreus 10,11-14.18; Marcos 13,24-32 
Ficha nº 2122 
 Homilia do 33º Domingo Comum(14.11.21) 
1. Deus não vem para destruir, mas para dar o prêmio e nos levar consigo (1Ts 4,17). 
2. A fé nos leva a um exercício permanente de buscar Deus em nossa vida 
3. Vivemos a perfeição de Cristo, pois fomos redimidos em sua morte e ressurreição. 
4. A verdade, a justiça, o desejo de salvação e a Palavra de Deus, é o que nos capacita para lutar contra o mal.
No tempo em que as plantas falavam 
Temos em nossa mente aquela frase: “no tempo em que os bichos falavam”. Jesus nos alerta: “Aprendei, pois, da figueira esta parábola!” (Mc 13,28). Notamos que tudo fala, pois nossos ouvidos estão aprendendo lições permanentes do mundo, nas plantas, nas flores, nas estrela, na terra, nos rios, nas cascatas... Tanta coisa! Sempre aprendendo. Temos olhos para ver, ouvidos para ouvir, tato para tocar e coração para amar. O que a natureza nos fala? Há uma comunicação muito grande da própria natureza. Para nós são sons, são movimentos, são transmissões misteriosas dos seres. Por que não ouvimos o que dizem de Deus? O Evangelho das plantas foi notado pelo próprio Jesus: Olhai os lírios do campo! Olhai a figueira! Contemplai os campos maduros para a ceifa. Sabemos que podemos nos comunicar entre nós com a força e encanto da natureza. Ela mesma sofre por conta do nosso pecado (Rm 8,20ss). Sua redenção está próxima. Ele virá. E conosco todo universo caminhará para o Pai (Ef 1,10).

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