quinta-feira, 11 de novembro de 2021

nº 2123 Artigo - Santo é gente

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
O humano e santidade 
Temos a mentalidade de que um santo é tão diferente que concluímos não ser para nós. Santidade é para poucos heróis. Faz-se tanta fantasia sobre a santidade que ela se torna impossível para os “pobres pecadores”. Os santos têm pecados, têm defeitos, têm manias, têm dificuldades e são “piores” que nós. Só depois que vemos sua santidade. Estamos tropeçando em pessoas santas. O santo tem luta como qualquer um. Em vida, só percebemos sua santidade, se tivermos capacidade de perceber sua batalha. O povo de Deus é santo e pecador. Certamente temos pessoas luminares, especiais etc... Mas quanto mais humano, mais pronto está para viver grande santidade. Por isso a santidade pertence ao povo. O modelo é sempre Jesus que era extremamente humano. Leonardo Boff disse há tempo: “Jesus era tão humano que os discípulos entenderam que só podia ser divino”. Ser humano, com todas as riquezas e fragilidades é condição necessária para a santidade. Deus nos fez assim. Quanto se condenou nossa humanidade como empecilho para viver a graça de Deus. O que consideramos frágil, também foi feito por Deus e é caminho de santidade. Temos muita reflexão espiritual, grupos de espiritualidade que anulam o ser humano. Não é santidade. É de se duvidar que exista santidade em certas maneiras de viver a vida cristã.
Condição humana 
A Escritura nos diz que Deus fez o homem de barro, como um oleiro que faz um objeto, remodela, trabalha com suas mãos. Somos o barro nas mãos de Deus. O barro não é desprezível, sua condição sem firmeza é necessária para se formar o objeto. De uma pedra, pouco se pode mudar. Deus é nosso oleiro e nos molda. Somente estaremos firmes quando cozidos pelo fogo do Espírito e apresentados ao Pai. Assim foi Jesus. Cresceu como homem. É até melhor pensá-lo pouco humano, pois facilita a buscarmos fora de nós o caminho para Deus. Onde não está. Ser humano compromete nossa vida com a vida dos irmãos, pois fomos feitos para a fraternidade. É justamente o fato de estarmos juntos que fortalece e nos ensina a sair de nosso eu para o nós, onde somos irmãos comprometidos. A humildade de nossa carne e de nossa condição de sempre crescer é o melhor caminho. Jesus não impõe nada aos discípulos. Ele propõe seu caminho através de parábolas, breves ensinamentos, simplicidade de vida e de relacionamentos. Santidade é um dom para o povo de Deus e não um caminho especial para alguns escolhidos. Todos são santos por dom de Deus e pelo esforço pessoal. Todos podem. Há pouco santo gente do povo. Só bispo, padre e freira. E os casais? O casamento é o caminho normal de santidade feito por Deus. 
Seguir o modo de Jesus 
É muito simples viver a santidade: basta viver como Jesus viveu, fazendo a vontade do Pai. Esta vontade está clara: “O Pai não quer que Eu perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia” (Jo 6,36). A santidade de Jesus era sua permanente união ao Pai que estava oculta pelo véu da Encarnação. Essa se manifestava através de uma vida dedicada totalmente, até o extremo, àqueles que o Pai lhe confiou, que somos todos nós. Não há homem que esteja fora do amor de Jesus. A santidade está aqui. Preferimos outras que não nos comprometem. Jesus é claro na sua opção; “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Santidade que vemos nos grandes santos realmente se deu em sair de si para viver para os outros, em tudo. Cada um de seu jeito e em suas condições. É um caminho aberto a todos. Fora desse, não há outro. Vida doada, santidade completa.

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