Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Vou estabelecer minha aliança”
Jesus
é salvador
Celebramos
na Páscoa a vitória de Jesus sobre a morte e nossa conversão para que os frutos
de seu Mistério Pascal penetrem nossa vida e a mudem. No primeiro domingo da
Quaresma sempre temos a passagem que nos conta a tentação de Jesus. Quando
dizemos que Jesus veio salvar-nos de nossos pecados, conforme o anúncio do Anjo
quando lhe deu o nome (Mt
1,21), entendemos a tônica desse tempo litúrgico. Ao buscar o perdão e
proclamar que Jesus veio para salvar dos pecados, estamos vivendo bem a
preparação da celebração da Páscoa. Pecados são descritos pelos evangelistas
como todos os males do mundo, compreendidos todos na irracional busca dos bens
materiais, na ganância do poder e na loucura do prazer pelo prazer. Tudo é bom,
desde que buscado no processo de conversão a Jesus. Jesus cura o que é do mal. Nesse
domingo temos dois pólos: a aliança de Deus oferecida como paz e a tentação que
empurra para o pecado. Jesus vencendo a tentação abriu para nós a porta da vitória
sobre o mal. Fomos tentados Nele e Nele vencemos, diz S. Agostinho. Marcos não
descreve a tentação de Jesus, como Mateus e Lucas. Os três evangelistas sinóticos
(Mateus, Marcos e Lucas) anotam que Jesus estava cheio do Espírito Santo e era por
Ele conduzido. Vencer a tentação não é somente uma vitória da força pessoal,
mas correspondência ao Espírito de Deus que habita em nós, como em Jesus. Sua
vitória torna-O vigoroso no combate contra o mal até à cruz, onde tem a
tentação final (Lc
4,11). Por isso Jesus é o Salvador de todos os males.
Aliança
do Batismo
Os
cinco domingos da Quaresma nesse ano (que é o Ano B, no esquema litúrgico), traz,
na primeira leitura, a narrativa das alianças que Deus fez com seu povo até à
aliança selada com o sangue de Jesus em sua Páscoa. Como toda a Quaresma tem um
sentido batismal, compreendemos o texto da primeira carta de Pedro que usa a
arca de Noé como símbolo do Batismo. Como Deus, pelo dilúvio, purificou a
humanidade pela água e salvou pela arca, o Batismo purifica e salva colocando
na arca, que é a Igreja, o Reino de Deus. Não é só uma purificação exterior,
mas interior para a vida nova dada pela ressurreição de Jesus. A aliança que
Deus faz com Noé é a promessa de não destruir o mundo nem as pessoas que forem
salvas pelo Batismo das águas. Cada batizado está em aliança com Deus e não
verá a destruição. Deus colocou seu arco de guerra no céu (simbolizado pelo
arco–íris). Assim começa uma humanidade nova, como a pequena família de Noé
começou um mundo novo. Refletindo a temática da aliança, iniciamos pela aliança
com a terra depois do Dilúvio, a aliança para uma descendência com Abraão, a
aliança para a formação de um povo, a aliança do coração e a nova aliança com
Jesus, no seu sangue. Esta é definitiva.
Mostrai
vossos caminhos
A conversão é uma atividade espiritual que acompanha o crescimento da
vida de Cristo em nós. Ela não tem limites e nem se sacia no vazio de ações sem
compromisso. Na primeira tentação Jesus coloca o alimento da Palavra que sacia,
a humildade que sustenta e a adoração que liberta. O salmo reza: “Vossa verdade
me oriente e me conduza”, “o Senhor dirige os humildes na justiça”, pois o
“Senhor é ternura e compaixão”. A oração da missa nos convida a viver esse
Sacramento da Quaresma com ações concretas de conversão, correspondendo ao amor
que nasce do conhecimento de Jesus Cristo. O homem que é pó, com as águas do
Batismo, se torna o barro onde Deus faz o homem novo.
Leituras:Genesis 9,8-15; Salmo 24; 1 Pedro 3,18-22;Marcos 1,12-15.
Ficha nº 1728 - Homilia do 1º Domingo da Quaresma (18.02.18)
1. Vencer
a tentação não é só uma vitória pessoal, mas correspondência ao Espírito.
2. O
Batismo é uma aliança que nos purifica e nos coloca na barca da Igreja
3. Responder
à chamada de conversão é o caminho da purificação.
Afogando o Satanás
A
Quaresma traz grande riqueza de temas para nosso conhecimento e conversão. A narrativa do Dilúvio é de extraordinária
beleza e nos desperta para a necessidade de purificação para começar um mundo
novo. A Igreja é simbolizada pela arca de Noé. As águas que destroem o mundo simbolizam
a água do Batismo que destrói o mal e promove a vida nova.
Jesus, vencendo a tentação nos
encoraja para enfrentar o tinhoso e jogá-lo nas águas profundas que o afogam e
nos purificam.
Em todo o processo de preparação
para a Páscoa temos a certeza da aliança de Deus conosco, como fez no passado.
Temos confiança que toda a conversão não é uma luta pessoal, mas é dom do
Espírito que conduziu Jesus ao deserto e O sustentou.
Tudo isso nos alerta a ouvir o
chamado de Jesus a acolher seu reino e converter o coração.
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