segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

nº 1731 Artigo - “Espiritualidade da Quaresma”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

2008. Tempo de comunidade
            A Quaresma tomou cores diferentes no correr dos séculos. Cada tempo deu sua contribuição. Logicamente podemos dar também a nossa. Por exemplo: A Igreja do Brasil instituiu a Campanha da Fraternidade e com as reflexões em grupos de rua e de setores. É um modo diferente de viver a Quaresma, com uma temática que leva a pensar e a resolver problemas que vivemos. Ela surge a partir da preparação do Batismo que se realizava na noite de Páscoa.  Os catecúmenos que seriam batizados faziam o jejum no Sábado Santo. Esse jejum passou a ser acompanhado pelos fiéis da comunidade. Ele se estendeu para Sexta-Feira Santa, depois para a semana toda e por fim aos 40 dias. A Quaresma nasce a partir da celebração da Vigília Pascal que era o momento da solene celebração do Batismo. Primeiro ela tem  um caráter comunitário. Vive-se a preparação da Páscoa em comunidade. Todos estão voltados para o importante que é o Mistério Pascal de Cristo, que salvou a todos em sua Morte e Ressurreição. O Batismo é o sacramento inicial para vida em Cristo e na comunidade. Por ele recebemos a redenção e a vida nova. Entramos na comunidade dos filhos de Deus, irmãos de Jesus e irmãos uns dos outros. Por isso, a espiritualidade quaresmal deve levar a vivenciar esses aspectos: Vida em Cristo, Filho de Deus e vida com os irmãos. Todas as celebrações se voltam para a temática da Páscoa que acontece em cada um. A renovação das promessas do Batismo é expressão do desejo de aprofundar o dom que recebemos. O que se faz na Quaresma pode ser bom, mas não sem o Batismo.
2009. Tempo de conversão
            A chamada que percorre toda a Quaresma é a conversão. Para haver uma opção por Cristo no Batismo e na vida cotidiana, é preciso ouvir as palavras de Jesus: “O tempo se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Havia muitas tradições que eram vividas na Quaresma, como as penitências, o jejum, as longas orações. Tudo bom. Essas tradições caíram e não se procurou a renovação a partir da conversão. Quando ouvimos o mandamento só a Deus adorarás, nós nos esquecemos da multidão de deuses falsos que nos cercam e aos quais prestamos cultos idolátricos. Só se fala que se adoram imagens. Mas não se busca derrubar os altares dos deuses falsos da ganância do ter, da riqueza e dos bens materiais; não se destrói o altar do deus da vaidade, do orgulho e da prepotência. Desses as igrejas estão cheias; não se queimam os altares dos deuses do prazer que consomem nossas melhores energias. Vejamos que um dos evangelhos lidos nesses tempos é a purificação que Jesus faz no templo de Jerusalém e nos ensina a fazer em nossas vidas e em nossos templos. Não adianta fazer tantas penitências se não fazemos a verdadeira que é a conversão.
2010. Tempo de alegria
            A salvação se aproxima! Deus vem ao nosso encontro. Quando falamos de fim dos tempos, a impressão que é o momento do medo. Pelo contrário. É o momento da alegria, pois Ele vem nos buscar para estar com Ele. A Páscoa é momento da alegria. Na celebração há o momento de se cantar solenemente o Aleluia. É o grito de libertação que Cristo nos mereceu. Certamente que a Quaresma nos chama a puxar os fios da dissipação. É momento de reflexão, não de tristeza. Vamos nos concentrar no essencial que é o Mistério Pascal de Cristo que vivemos. Seriedade não quer dizer cara fechada. É espaço da verdade que nos sustenta e por isso nos deixa livres para acolher o Senhor. A Páscoa nos atrai e nos estimula a uma vida sempre renovada.

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