segunda-feira, 4 de junho de 2018

nº 1759 Artigo - Um Coração para amar


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2050. Festa do amor maior
              Quando o mundo sofre pressões que sufocam o ser humano, Deus nos oferece um alívio e mostra seu amor misericordioso. Nas trevas da doutrina jansenista, que queria uma religião dura, rigorosa, fechando o caminho do Céu, Jesus abre seu peito e mostra seu  coração para acolher seus amados, por quem deu a vida e por quem teve o coração aberto pela lança. Dele correu sangue e água. Águas do Batismo e sangue da Eucaristia. Somos lavados e alimentados. Temos até a imagem do pelicano que, na falta de comida, bica o próprio peito para que os filhotes se alimentem de seu próprio sangue. Só o amor de Deus é capaz de se entregar como um rio para saciar a sede e a fome do mundo.  Misericórdia não é amolecer a religião, mas endurecer as forças do mal e abrir as comportas do amor de Deus. Não sei como podemos ser exigentes com os outros, quando lemos na Palavra de Deus tantas maravilhas da bondade e carinho de Deus para com seu povo e para com cada um de nós, mesmo corrigindo nossos maus caminhos e maldades. Deus nos corrige. Mas sua mão não nos fere. Ela sempre está a nos consolar e acolher, como uma mãe que abraça o filhinho. Lembramos o salmo: “Fiz calar e sossegar a minha lama; ela está em grande paz dentro de mim, como a criança bem tranqüila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe” (Sl 130,2). Temos que nos desligar do órgão coração e nos fixarmos no amor que ele simboliza. Em 1856, Pio IX instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus. Temos que ir ao Amor de Deus para entender e viver essa devoção.
2051. Amar como Ele amou
              Há um grande clima de espiritualidade nos tempos atuais. Podemos dizer que nosso tempo será o século da espiritualidade? Ou será o tempo do amor que se doa? Há um risco de ser uma espiritualidade como uma academia espiritual para o proveito próprio. Seria a anulação do Evangelho de Jesus. Não podemos pegar Jesus e usar suas palavras somente em proveito próprio. É interessante ver que continuamos a não ter Jesus e seu Evangelho como modelo. Ficamos nas citações que confirmam nossos pensamentos e não nossas idéias e ideais que se apoiam na vida e nas palavras de Jesus. Não uma visão antiga de salvar tua alma e o resto que se ajeite. As sagradas promessas não podem ficar só no proveito próprio e garantia da própria salvação. Jesus não foi assim. Por isso cantamos: “Amar como Jesus amou”. Os homens e mulheres que realmente seguiram Jesus foram pessoas tremendamente corresponsáveis com as pessoas e com os sofrimentos do mundo, de modo particular os pobres. Isso é o autêntico social, o cuidado com o ser humano.
2052. O amor não morre.
              A grande certeza que temos sobre o amor é que ele não morre. Está sempre a nascendo nos corações e sua semente tem vigor eterno. Jesus não foi um personagem da história, como tantos outros. Ele permanece para sempre abrindo os rios da misericórdia que brotam de seu coração. Seu amor é de sempre e para sempre. Nisso podemos concluir que está sempre a nos tocar e chamar a continuar seu amor manifestado em todos os momentos de sua vida, principalmente em sua entrega. É desse amor que fazemos memória. Não é só um sentimento, mas um modo de vida e uma vida que se multiplica. Na festa do Sagrado Coração, devemos superar o egoísmo espiritual de receber graças e sermos nós continuadores de suas graças através de nosso coração que sabe amar. No fim de nossa vida, em nosso encontro com Deus, vamos ser interrogados sobre o amor.

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