domingo, 3 de junho de 2018

nº 1758 - Homilia 9º Domingo Comum (03.06.18)


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Em vasos de barro”

Carregamos os sofrimentos de Cristo
            A oração da missa nos afirma que “a providência de Deus jamais falha” e suplicamos: “Afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil” (Oração). Se tivermos que pedir a ajuda, na ousadia de pedir tudo o que nos for útil, é porque Deus nos respeita e nos trata com carinho. Somos sempre marcados pela fragilidade. Paulo “que levamos os tesouros do conhecimento de Deus em vasos de barro”. E explica que tudo vem de Deus e não de nós: “Deus fez brilhar sua luz em nossos corações, para tornar claro o conhecimento da sua glória na face de Cristo”... Trazemos esse tesouro em vasos de barro frágil, “Para que reconheçam que esse poder extraordinário vem de Deus e não de nós” (2Cor 4,6-7). O vaso de barro se manifesta nos sofrimentos que passamos. Paulo descreve com cores fortes tudo o que passou por Jesus, justamente para que Deus Se manifestasse. E resume nessas palavras: “Levamos em nós os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos”. Nós nos tornamos um evangelho vivo através de nossos corpos. Ele se manifesta através de nossas fragilidades.
Se por um lado há o cuidado de Deus por nós, por outro, temos o cuidado de estar junto com Jesus, continuando seus sofrimentos. Sofrer não é um mal. É evangélico. Vejamos como conclui: “De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal” (Id 4,11). É uma noção bonita e raça da sacramentalidade do discípulo de Jesus, o fiel cristão. É uma imagem viva de Cristo Crucificado que manifesta sua glória.
Cuidando do homem
            O tema do evangelho está voltado ao respeito do homem dando mais valor à pessoa que às regras inventadas (Mc 2,23-3,6). Os discípulos foram criticados por apanharem grãos de trigo, limparem com a mão e comerem. Certamente a fome apertara ou o costume os levou a isso. Jesus responde com fatos da Escritura lembrando que Davi comera pães sagrados que pertenciam unicamente aos sacerdotes. E diz que o “sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”. No sábado não se podia fazer nenhum tipo de serviço. Vemos o absurdo de um gesto espontâneo significar uma transgressão de uma lei que passou a oprimir o homem. Religião que tolhe a liberdade e oprime o ser humano não condiz com o ensinamento de Jesus que sublinha bondade da pessoa humana. Deus fez tudo para gerar felicidade. Temos na Igreja a tendência a repetir esse gesto do farisaísmo. O mesmo se deu no milagre de Jesus na sinagoga. Ali Jesus dá uma clara visão do valor do ser humano, sobretudo o mais frágil. Era um homem da mão seca. Quem sabe que tenha tido um AVC. Jesus pergunta se o sábado é para fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer (Mc 2,4). Tudo em Deus e em sua lei converge para a vida. Curou o homem.
Dia do descanso
                   O cuidado de Deus com seus filhos vai mais longe e não olha só casos específicos. Colocou na criação um modo garantido de um bom tratamento de todos através do descanso do Sábado. Para os cristãos o dia do descanso passou para o domingo porque a nova criação se inicia com a Ressurreição de Jesus. Esse dia do descanso é para todos, até para os animais. Deus tirou o povo do Egito para viver um descanso permanente. Guardar o ritmo do descanso é um excelente remédio para a vida e para a estrutura social. Infelizmente agora o domingo tem se transformado em dia de trabalho para tantos.
Leituras: Deuteronômio 5,12-15; Salmo 80;2ª Coríntios 4,6-11; Marcos 2,23-3,6
Ficha nº 1758 - Homilia 9º Domingo Comum (03.06.18)
                                         
1.  Participamos dos sofrimentos de Cristo para ser um Evangelho vivo.
2.  A pessoa humana deve ter o primeiro lugar acima das leis humanas.
3.  O descanso dominical é um dom do cuidado de Deus para com todos.

            Dividindo o peso

            O Evangelho traz um pensamento complicado: estamos sempre em aperto porque levamos o conhecimento que temos de Deus não como uma glória. Passamos dificuldades e sofrimentos para que não tenhamos a ousadia de termos poderes por conhecermos a Deus. Esse conhecimento vem de Deus. Por isso trazemos esse tesouro em vaso de barro.
            O barro é a fragilidade advinda também dos sofrimentos que passamos por Cristo. O sofrimento não é um acaso, ele nos conforma a Cristo, pois passamos os mesmos sofrimentos.
            Assim a vida de Cristo se manifesta em nós. Somos um evangelho vivo.

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