sexta-feira, 14 de agosto de 2020

nº 1990 - Homilia do 21º Domingo Comum (23.08.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Tu és o Messias” 
Quem dizeis que Eu sou?
Esse texto não é uma curiosidade que Jesus manifesta aos discípulos, mas uma situação até constrangedora para Ele. Estando já a meio caminho de seu ministério, é ainda desconhecido. Ele é identificado com pessoas que já morreram. Depois de milagres e tanta pregação, não foi ainda compreendido. Então quer saber a opinião dos discípulos. E Pedro responde em nome de todos: “Tu és o Messias (Cristo), Filho de Deus Vivo” (Mt 16.16). Por que em Cesareia de Filipe? Um sacerdote, pároco atua naquela região, comentou que ali havia um templo dedicado a um filho de um deus. Na fé dos discípulos, Jesus é o Filho do Deus Vivo. Jesus coloca nessa profissão de fé de Pedro o fundamento da obra apostólica. É uma revelação de Deus. A fé vem de Deus. Mas é proclamada pelo homem e serve de base para a construção da Igreja. Esse grupo de discípulos são as primeiras pedras do edifício. Somente nessa fé podemos ter o verdadeiro encontro com Deus. Pedro recebe as “chaves do Reino dos Céus” (Mt 16,19). Jesus, com todo poder, dá a Pedro todo o poder que será ratificado nos Céus. A Igreja é continuação da missão de Jesus. É no processo da Encarnação que se fundamenta sua ação. Cristo se manifestou na condição humana. A Igreja continua na condição humana tendo poder de realizar as coisas celestes. Os doze e os seus sucessores recebem o dom de realizar plenamente o projeto de Deus. Jesus manda que se espere sua hora que é a Paixão e a Ressurreição e o dom do Espírito. 
Estaca firme 
A profissão de fé de Pedro, revelada pelo Pai, é a pedra fundamental do edifício da Igreja. O homem participa da obra da redenção. No livro de Isaias há uma palavra como profecia na pessoa de Eliacim. Dentro da crise em que vivia as autoridades do tempo, o profeta o apresenta como um escolhido que terá a autoridade de governo. Ele “leva aos ombros a chave da casa de Davi”. Diz “que ele abrirá e ninguém poderá fechar; ele fechará, e ninguém poderá abrir” (Is 2,19-23). É o mesmo texto que Jesus usa referindo-se ao poder deu a Pedro. Sabemos que o poder de Jesus não se refere a um comando autoritário, mas de serviço (Jo 13,14). A autoridade é de Cristo, partilhada pelos apóstolos e seus sucessores. Também sucessores no serviço. O profeta diz que fixará Eliacim como uma estaca em um lugar seguro. A estabilidade do escolhido é o “trono de glória na casa de seu Pai” (Is. 2,23). O poder-serviço de Pedro no Colégio Apostólico é estável e garantido da parte de Deus. Nas condições humanas sofre da instabilidade. No poder de Cristo não. Rezamos no Salmo: “Senhor, vossa bondade é para sempre! Eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos” (Sl 137). 
Fixemos o coração 
O texto de Paulo na carta aos Romanos nos traz uma bela doxologia na qual se abisma no mistério da ciência de Deus. Somente poderemos entender corretamente a profecia de Eliacim, retomada por Jesus em relação a Pedro, se nos mergulharmos na sabedoria de Deus. Ela é o lugar seguro onde a estaca de nossa vida de fé se firma e onde podemos tomar as decisões de modo seguro. Nela estamos ligados às coisas do Céu. Por ela reconhecemos em nós o Deus que age e nos impulsiona. Por ela a Igreja se garante, mesmo sendo pecadora. A fragilidade de Pedro, reconhecida claramente nos evangelhos, não o desautoriza em seu poder, pois age em nome de Cristo e em sua pessoa. Nossa profissão de fé é frágil, mas é segura, sustenta nossa vida e nos liga ao Céu. 
Leituras: Isaías 22,19-23;Salmo 137;
Romanos 11,33-36; Mateus 16,13-20. 
Ficha nº 1990
Homilia do 21º Domingo Comum (23.08.20) 
1. Somente nessa fé, proclamada por Pedro, podemos ter o verdadeiro encontro com Deus. 
2. A profissão de fé de Pedro, revelada pelo Pai, é a pedra fundamental da Igreja. 
3. Nossa profissão de fé, frágil, mas segura, sustenta nossa vida e nos liga ao Céu. 
Prego na Areia 
Dizemos: “Está firme, como prego na areia”. É uma bobeira, mas, no contexto do texto de hoje podemos pensar que reflete uma inconstância muito grande na vivência da fé. Pedro, com sua profissão de fé, dá a resposta completa a Jesus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus Vivo”. Essa é a firmeza da fé. Lembramos que o profeta Isaias falava de um grande homem que iria salvar a situação do povo, que ele enterra como uma estaca num lugar seguro. A nós compete ter firmeza de fé e definir a vida por princípios que sejam duráveis e seguros como um prego num lugar firme.

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