sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

nº 2131 Artigo - Chovei das alturas

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
Encarnação continuada 
A reforma litúrgica restaurou a necessária lembrança da segunda volta de Cristo. Esta é agora é mais importante que a primeira, pois esta já cumpriu sua parte. Com isso, aquele aspecto de Advento, imitação da Quaresma, ficou bem diluído. O mistério da Encarnação não se reduz ao tempo de Natal, ao nascimento de Jesus e às celebrações que seguem. E depois entra em silêncio até que se comece a sentir a falta desse tempo gostoso cheio de ternura. A Encarnação envolve todo o mistério de Cristo e se manifesta em todos seus aspectos. Deus quis Se comunicar para atrair a Si todo o universo criado e todos os seres, de modo particular o homem e a mulher por Ele criados. Deus está sempre Se comunicando e chamando à participação de sua vida. É próprio do amor se difundir e atrair a si. Não podemos medir Deus pelo nosso planetinha diminuto num universo “infinito”. Mas aconteceu que Se manifestou em seu Filho Encarnado que vai ao extremo de seu ser humano na morte e sepultura. Tudo o que é humano está presente em Cristo. Queremos mistificar para não nos comprometer. Há muitos segmentos da sociedade e da Igreja que temem ser humanos. Isso tira o compromisso com o outro, sobretudo aqueles que têm diminuída sua condição humana. Esses são chamados de pobres e de abandonados. O Filho também se identificou com eles. Ele não recusa os que possuem, mas quer que produzam frutos de misericórdia. Mas sabemos que, quem ajuda os pobres são os outros pobres.
Igreja que se encarna 
A encarnação continua presente na Igreja, tanto que, o maior ensinamento do Concílio é a encarnação da Igreja no mundo atual. A Igreja do século X falava para aqueles homens do século X. Pe. Vitor Coelho dizia que a Igreja não é de bronze, pois esse enferruja. Ela é uma árvore que tem um tronco firme e ramos novos. Sem os ramos novos, ela não cresce. Não crescendo pode morrer. É o que vemos em tantos países desenvolvidos. Por isso, a Encarnação não se esgota no Natal. Continua assumindo as condições humanas para chegar a todo homem. Tem que sair de si. Podemos ver as escleroses espirituais que destroem todo o sentido do Evangelho. O povo tem direito à beleza, mas tem outros direitos também. Direitos à pureza do Evangelho. A evangelização que não vai ao homem concreto, no seu mundo, não é continuação da Encarnação. Os sacramentos, a pastoral, as estruturas eclesiais continuam Jesus Cristo em sua missão e vida. Não se trata só de uma recordação, mas de uma atuação. É Cristo que continua. Uma das primeiras coisas a fazer é ir às comunidades mais carentes. Jesus não nasceu na sala, mas num lugar fora, onde estavam os animais e até outros forasteiros. 
Por um Natal encarnado 
Perdemos o encanto do Natal. Quem sabe foi porque ficamos só no encanto. Era um tempo lindo. Pode ser que a beleza sem conteúdo tenha murchado. O conteúdo do Natal é Jesus que vem comunicar a presença real de Deus entre as pessoas. Minha cunhada e família fazem o Natal de uma creche e dão os presentes e a festa. Meu irmão, tendo ido ajudar na distribuição dos presentes, vendo a felicidades das crianças, disse que era o primeiro Natal de sua vida. Estava mais feliz que as crianças. Ao sairmos de nós mesmos, em direção aos necessitados repetimos o gesto de Deus ao vir a nós, dando-nos como presente a Si mesmo em seu Filho. Aí é Natal.

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