sábado, 19 de março de 2022

nº 2157 Artigo - Teologia da Quaresma

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Quaresma hoje 
 A reforma litúrgica, primeiro fruto do Vaticano II, a concretização do Movimento Litúrgico que vem de longa data, há mais de 200 anos com a descoberta e estudo das fontes litúrgicas. Não é invenção de grupos modernistas exaltados. A reforma litúrgica já estava encaminhada quando foi aprovada pelo Concílio. Assim foi recuperado. Atualmente, a Quaresma não faz parte da vida da comunidade, pois se perdeu o estilo antigo quando a Igreja dominava a vida do povo que tinha medo desse tempo. Passado o medo, levaram junto o sentido. O que recuperar da Quaresma original? Ela tem o caráter batismal e penitencial. É tempo de escuta da Palavra e da insistência na oração. O batismo é um sacramento que deve penetrar a vida cristã, pois está intimamente ligado à Páscoa. Pois, pelos ritos sacramentais passamos pelo Mistério Pascal de Cristo. Aos batizandos realiza-se o rito, e aos já batizados faz-se a renovação das promessas batismais, com o rito da aspersão. Sob o aspecto penitencial, busca-se o sentido social do pecado e a mudança do coração com a conversão do pecado e de suas consequências na sociedade. Preparar a Páscoa é também renovar a comunidade. O jejum deve ser do coração. O que devemos lamentar e que todas estruturas do tempo podem esquecer o povo e o homem do povo. Estamos sempre lidando com uma classe de pessoas instruídas. Ocorreu um dia, que fazendo a procissão de penitência da madrugada, passávamos pelos pontos de ônibus do povo que ia para o trabalho. Quem estava fazendo penitência? 
O mistério de Cristo na Quaresma 
Mais que penitências e clima, é tempo da Palavra e das orações que nos introduzem no Mistério de Cristo. A liturgia não é só oração, mas é também ensinamento. Ensinando reza; rezando, ensina. A Quaresma celebra o mistério de Cristo e da Igreja. Cristo só é compreensível em seu mistério pascal de Paixão, Morte e Ressurreição. Até poucos anos que a redenção nos era dada pela morte de cruz. Isso se comprova pelo desconhecimento da Ressurreição. Cristo é o centro da Quaresma, pois ele é o protagonista, o modelo e o mestre. É Ele quem age. Jesus não foi um malfeitor pego por acaso. Ele, decididamente toma o caminho de Jerusalém (Lc 9,51). Ele é o centro dos acontecimentos. Ele é modelo, pois suas atitudes e palavras explicitam sua missão. Cada dia nós teremos sua palavra viva através das leituras. Ele é o mestre que ensina. 
Devoções e fé 
Fazemos muitos atos de devoção durante a Quaresma como a via-sacra, encontros da fraternidade, procissões penitenciais, alguns fazem jejum, penitências, sacrifícios, como deixar alguma coisa que signifique para nós o seguimento de Jesus. Tudo muito bom. É preciso acompanhar esses gestos com a união ao Cristo que se entrega ao Pai pelo mundo. Seguir o Cristo é caminhar como Ele caminhou (1Jo 2,6). Podemos colher esse modo de vida da palavra anunciada no dia. Por ela recebemos não só ensinamentos, mas a própria pessoa de Jesus.

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