quinta-feira, 3 de março de 2022

Nr.2154 - Homilia do 1º Domingo da Quaresma (06.03.22)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Se tu és o Filho de Deus”
Crescer no conhecimento de Cristo 
Iniciamos a Quaresma com dois domingos que descrevem ao cristão sua realidade, já vivida em Cristo: a tentação do pecado e a glória transfiguração. A tentação faz parte da vida cristã. Ser tentado não é um mal, não deixar-se vencer pela tentação é a vitória o cristão, em Cristo que foi “tentado em tudo, menos no pecado “(Hb 4,15)”. Fruto da vitória é a transfiguração de Cristo, como vemos no 2º domingo da Quaresma. Vemos assim o destino desse tempo. Essa vitória é nossa fé (1 Jo 5,4). Por isso a oração nos ensina que a vivência da palavra desse tempo nos leva ao conhecimento mais aprofundado de Cristo e uma correspondência. O judeu fiel foi ensinado a entregar os primeiros frutos da terra como reconhecimento da ação de Deus em sua vida. É a profissão de fé desse povo libertado da escravidão e tão beneficiado na terra nova “onde corre leite e mel”. Jesus, ao ser tentado e vencendo a tentação, está em nosso lugar. Santo Agostinho diz: “Nele fomos tentados e Nele vencemos o demônio”. A tentação de Jesus não se refere tanto a um fato, mas a uma realidade. As três tentações atingem o ser humano em sua realidade total. A resposta à tentação pela Palavra, pela humildade e pela adoração, levam o homem a vencer Satanás, como Jesus o fez. O demônio diz a Jesus: “Se tu és o Filho de Deus”. Jesus não usa sua condição de Filho de Deus para Si. E nos oferece este instrumento de vitória que Ele usou: Palavra de Deus, humildade de não tentar a Deus e a adoração: “Só a Deus servirás” 
Corresponder a seu amor 
Jesus vence a tentação do pão, do poder e do prazer com a Palavra de Deus, com a humildade e com a adoração. É a síntese da vitória sobre o mal. Essas foram as tentações de Jesus durante toda sua vida. Os sofrimentos que passava colocavam-Lhe a pergunta: que Filho de Deus sou Eu? A Divindade estava oculta sob o véu da humanidade. O demônio se afastou de Jesus para voltar no tempo oportuno. Isso foi toda sua vida. Sobretudo na hora da morte. Os inimigos (outros demônios), diziam-lhe quando estava na cruz: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 27,40). Na medida em que conhecemos Cristo podemos deixar que Ele viva e cresça em nós. Como Cristo cresce em nós? Quando fazemos o que Ele fez. Esse é o chamado aos seus discípulos: “Vinde!” Nossa compreensão de santidade está mais em atos a fazer, do que atitudes a cultivar. As atitudes serão sempre moldadas a partir de sua entrega ao Pai através dos humildes. O tempo da Quaresma nos abre uma reflexão pascal. A Quaresma perdeu essa dimensão e ficou no estilo de seriedade, penitência sem buscar o que é ressuscitar com Cristo. Paulo diz: “Se confessares Jesus como Senhor e no teu coração, creres que Deus o Ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9). 
Desarmar as ciladas 
Nesse caminho de tentação podemos estar seguros da presença e proteção de Deus. Sempre pensamos que tudo depende de nós. E nos esquecemos da proteção e amparo de Deus. O povo de Deus se sentia agraciado por tanta libertação e proteção através de admiráveis prodígios. São os mesmos que recebemos em modos diferentes. Deus sempre é para todos. Nesse sentido o salmo reflete o quanto é bom habitar ao abrigo e sombra do altíssimo. Está protegido contra o mal e toda a desgraça. O salmista compara essa proteção com anjos que nos levam pelas mãos para guardar, não tropeçar e passar sobre as feras. Diz Deus: “Ao invocar-me hei de ouvi-lo, e atendê-lo, e a seu lado eu estarei em suas dores”.
Leituras: Deuteronômio26,4-10; Salmo 90;
Romanos 10,8-13; Lucas 4,1-13. 
Ficha nº 2154
Homilia do 1º Domingo da Quaresma (06.03.22) 
1. As três tentações atingem o ser humano em sua realidade total 
2. Nossa compreensão de santidade está mais em atos a fazer, do que atitudes a cultivar. 
3. O salmo reflete o quanto é bom habitar ao abrigo e sombra do altíssimo. 
Diabo sem imaginação 
Só porque é diabo, pensa que pode atacar qualquer um. E justamente quem: Jesus. Além do mais Jesus dá o esquema de colocar o “dito” no seu lugar. Vemos nos Evangelhos quanto aparece a figura do diabo sendo desalojado por Jesus. E ele reconhece: “Tu és o Filho de Deus”. As tentações de Jesus refletem a sábia ignorância do diabo, tentando justamente onde Jesus era o mais fiel: na Palavra, na Adoração ao Pai e na humildade.

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