terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

nº 2148 Homilia do 6º Domingo Comum (13.02.22)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Fácil ser Feliz”
  Benditos vós... 
Deus, no alto do Monte Sinai, deu a Moisés os dez mandamentos que são a síntese de tudo que é amor. Tem-se a impressão de uma lei que é imposta, proibições que parecem cercear a vida. Essa mentalidade não pode obscurecer o grande carinho de Deus que cuida do que é humano. Os mandamentos abarcam o Divino e o humano. Jesus, novo Moisés, não sobe o monte, mas desce para o meio do povo. Mais que ensinar decretos, reconhece no coração dos humildes a bondade aprendida de Deus: “Bem-aventurados vós”. Lucas, diferentemente de Mateus, apresenta uma lista resumida. Resume tudo no coração do pobre, sofredor e perseguido por causa de Jesus. Esses recebem tudo o que Deus tem a nos oferecer: o Reino, a saciedade, o consolo e a recompensa. É uma síntese completa do que diz Mateus. Por outro lado, apresenta as maldições que sofrem os que confiam só na riqueza, na fartura, no divertimento e na vaidade. Esses são malditos. Podemos dizer infelizes. Não vivem em Deus. Jeremias explicita essa maldição: “Maldito o homem que confia no homem... e afasta seu coração do Senhor. Não floresce. É como planta no deserto” (Jr 17,5-6). E renova a esperança: “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada junto às águas” (id 7-8). O profeta apresenta uma realidade da natureza: as raízes buscam a água. Por isso não temem o calor, mantêm-se verde sempre e dão fruto. Assim é a vida cristã: buscar onde está a vida animada pela fé. 
Confia no Senhor 
O que significa confiar no Senhor? Mateus, quando anuncia as bem-aventuranças, diz que Jesus subiu o monte (Mt 5,1). O evangelho de Lucas coloca Jesus no meio do povo. Inspira confiança. Pela encarnação, Jesus está entre nós. No meio do povo. A fé é também uma questão da proximidade de coração. Jesus fala olhando nos olhos. O termo bem-aventurado, traduz-se abençoado, aquele que obteve o favor de Deus. Jesus não dá uma aula dizendo como devem ser, mas diz o que são: “Bem-aventurados vós”. Esse diálogo com o povo abre espaço a uma proximidade sempre maior dos discípulos. Podemos fazer uma leitura do coração dos discípulos de Jesus. Essa confiança Nele é porque Ele demonstrou confiança neles. Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus. Os que não confiam são os que perseguirão os discípulos, pois a recusa a Jesus vai penetrar seus corações. Por isso vemos essa ojeriza contra os cristãos católicos. Quando se diz: malditos, podemos dizer infelizes. O hebraico sempre trabalha com oposições. O que perdem esses infelizes? Sua consolação é passageira, a riqueza não sustenta o ser humano como um todo. Há outros infortúnios. A bajulação não sustenta o ser humano. Elogio falso não constrói. 
Garantia de ressurreição 
O texto sobre a Ressurreição, no conjunto da liturgia de hoje, não está colocado como parte do tema das bem-aventuranças. Mas podemos compreender que a ressurreição não é só um fato único que acontece no final de nossa história. É início da vida eterna. Ela está presente como vida para os que buscam viver as bem-aventuranças. Se não acreditamos na ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Sem a ressurreição de Cristo nossa fé não tem razão de ser. A Ressurreição não é um momento após o final de nossa vida. Ela vai acontecendo sempre mais, cada vez que vivemos as bem-aventuranças como caminho de ressurreição. 
Leituras:Jeremias17,5-8;Salmo1;
1Coríntios15,12.16-20;Lucas6,17.20-26. 
Ficha nº 2148 
Homilia do 6º Domingo Comum(13.02.22) 
1. Lucas reconhece no coração dos humildes a bondade aprendida de Deus: 
2. Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus. 
3. A Ressurreição acontece cada vez que vivemos as bem-aventuranças.
Felicidade de bolso furado 
Bolso furado mais perde do que guarda as coisas. Quando a gente quer dar uma de bom, a gente pisa e passa por cima. É como colocar a vida num bolso furado. É uma felicidade brocada. E acabamos levando. Poder não dura. Riqueza enferruja, alegrias passam. Tudo se evapora. É vida num bolso furado. Felicidade, quando não tem o coração cheio da bem-aventurança, é uma falsidade. Tudo falácia. É um depósito furado, uma caixa d’água rachada. Um banco falido. Tudo enferruja. Para viver bem, não é preciso muito. Para compartilhar é preciso de pouco. Para sorrir, basta um olhar de carinho. Para saciar é preciso um pouco do nada que somos.

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