quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

nº 2150 - Homilia do 7º Domingo Comum (20.02.22)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Deus é bondoso” 
Perdoar é bom 
Em seu discurso inaugural, resumindo os pontos fundamentais da doutrina de Jesus, o Evangelista Lucas a sintetiza, acentuando o amor e a misericórdia. Mostra a dinâmica do Reino. Por que a primeira proposta é justamente o amor ao inimigo e perseguidores? Penso que esse foi o caminho percorrido por Jesus. Ele sempre foi perseguido, fizeram-lhe a mais ferrenha oposição. E suas primeiras palavras do alto da cruz foram para desculpar seus inimigos diante do Pai, por agirem por ignorância: “Pai, perdoai-lhes por que não sabem o que fazem” (Lc 23,34). São ignorantes porque estavam cegos pelo mal. Deu o exemplo. Essa atitude de amor. Jesus não cria mandamentos para o amor. Coloca no coração do cristão uma barreira contra toda atitude de ódio e desamor. Seguir Jesus é amar sempre e em todas as circunstâncias. Suas atitudes desmontam toda a possibilidade de ocorrer uma violência, um desamor. Não é possível outro caminho. Os pecadores fazem de outro modo. Ser cristão é ser diferente. O mundo cristão só o será ser for regido pelo amor de atitudes, não de teorias e de belas palavras. Jesus as circunstâncias concretas da vida. Nada justifica uma agressão. Toca coisas complicadas como as questões financeiras de empréstimo. Na verdade está quase a dizer: deixem que vos explores. Mas, por outro lado, Jesus não vê maldade nas atitudes das pessoas. É a necessidade. A vida de Jesus é o modelo: ninguém morreu pelos pecadores. Ele não se recusou e foi levado ao martírio pelos inimigos. 
O amor é concreto 
Jesus tem belas palavras sobre o amor. Mas no texto de hoje Ele põe em concreto, em situações do dia a dia da vida da comunidade. Mostra o amor aos inimigos, os que odeiam, maldizem. Vai ao mais duro que é a agressão, a exploração da vontade. E então diz que o amor deve ser como o amor que ele possui e não como os pagãos e pecadores. Não é para fazer o normal, mas ir além. A recompensa está justamente em não ter recompensa. A recompensa é ser filhos do altíssimo. “Assim sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus” (Lc 6,35). Jesus ensina a ser como Ele que diz: “Eu faço o que aprendi de meu Pai” ( ). Aprendemos do Pai, como Jesus aprendeu. O amor concreto, nas circunstâncias concretas, deve ser todo envolvido na misericórdia do Pai: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (id 36). A misericórdia não fará julgamentos, não condenará; saberá perdoar e doar. Daí sairá toda a recompensa de Deus. Deus nos medirá com a mesma que medirmos os outros. O evangelista deve ter vivido numa comunidade bem constituída nas condições humanas que precisavam de orientação. Seguir o modo do Pai deverá ser a vida da comunidade. 
Refletir a imagem 
Embora o de Paulo aos Coríntios não esteja colocado como explicação do Evangelho, ele nos dá uma referência muito boa para compreender o que é viver a Ressurreição no dia a dia. Diz: “Como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do homem celeste” (1Cor 15,49). A Ressurreição vai resplandecer no cristão a partir da vivência do Evangelho. Jesus venceu a morte. Nós vencemos o mal, quando vivemos o amor do Pai em nossos relacionamentos. O Evangelho não é uma teoria, mas é um dia a dia, nas atitudes que aprendemos do Pai. Se essa ressurreição não acontece no dia a dia, podemos duvidar que vá acontecer um dia. 
Leituras:Samuel26,2.7-9.12-13;22-23;
Salmo102; 
1 Coríntios, 15,45-49; Lucas 6,27-38 
Ficha nº 2150
Homilia do 7º Domingo Comum (20.02.22) 
1. O mundo cristão será cristão quando for regido pelo amor de atitudes, não de teorias. 
2. O amor todas as circunstâncias, deve ser todo envolvido na misericórdia do Pai. 
3. A Ressurreição vai resplandecer no cristão a partir da vivência do Evangelho. 
Receita prática 
Muito já foi escrito sobre espiritualidade, ensinamentos de Jesus, pastoral e tanta coisa mais. Mas parece que não se cutuca a onça com vara curta. Ficamos dando voltas. É curioso como, certas coisas de nossa fé são tão claras e gastamos tanto tempo e tanta coisa para justificar o contrário. Há grandiosos movimentos espirituais no correr da história para entender, explicar, e orientar o modo de viver cristão. Até cruzadas e guerras foram feitas. Tudo continuou o mesmo. Jesus com um tapa resolve tudo. Deu tapa na direita, mostra a face esquerda. E depois... morre a briga. É muito bonito como Jesus mostra esse momento da vida cristã. Ele resume tudo na passagem: como vosso Pai...Basta fazer, agir, organizar como o Pai faz. E Jesus é claro: é assim que eu faço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário