terça-feira, 5 de outubro de 2021

nº 2111 Artigo - Nascida das águas

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Lendo uma história 
Vendo a longa fila de romeiros passando diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, podemos nos perguntar o porquê dessa devoção. Diante da dificuldade de evangelização e formação do povo, estamos diante de uma Palavra de Deus. Temos consciência que a Palavra está no Livro Santo, mas se manifesta de tantos modos, pois “ela é viva e eficaz” (Hb 4,12). Como viva pode se manifestar de tantos modos. Ela não é a letra. A letra a manifesta. Contemplando essa imagem de terra cota, tirada do fundo de um rio, quebrada, separada da cabeça, podemos ouvir o que Deus quer nos dizer. É certo que a devoção deve ser sempre regida pela Palavra. O encontro da imagem já é milagroso pelos acontecimentos que ocorreram. Deus quer algo de nós quando faz um milagre. Corpo quebrado nos lembra o homem e a mulher, que marcados pelo pecado que os destroem e os leva ao fundo. Nada mais profundo que o mal! Por mais profundo que seja a desgraça, sempre há salvação. Quanto mais triste seja a destruição do ser humano, ele pode ser recomposto. Assim foram os fatos que acompanharam a imagem de N.S.Aparecida. Podemos dizer que a desgraça de um povo pode ser recuperada pelas mãos de simples homens. Sempre tende à recuperação. Deus não tem pressa, mas as necessidades têm. Os homens precisavam de peixe. Deus os conduz a um trabalho sofrido e vem em seu socorro com uma pesca milagrosa. Com persistência luta pela solução de seus problemas. 
Imagem mensagem 
Houve alguém ou um fato que quebrou a imagem. Ela é muito frágil. Foi colocada nas águas por não ter uma solução no momento. As águas recolhem nossas fragilidades e podem recuperar-nos pelas mãos dos fracos. Como imagem retrata alguém, ela passa pela restauração. É um estímulo a nossa permanente recuperação. Mesmo passando pela pesada destruição, foi recuperada. Quando damos a Deus nossos cacos, temos quem nos recupere, se lhe dermos todos os pedaços. Ela é um retrato da beleza de Deus. O belo nos estimula a nos transformarmos na mesma beleza. Contemplando a Mãe de Jesus, saída das mãos de Deus, podemos entender que o barro cozido traz uma sombra da beleza divina. A beleza é relativa a quem ama. Ela é a expressão do Deus que ama. Por isso, desde o início, houve esse carinho do povo pela imagem, no que ela representa. A beleza de Deus nos cura. Recuperamos nossa imagem, sempre mais ao original. O que justifica os milhões que por aqui passam, senão a beleza de Deus estampada em Nossa Senhora, em sua imagem? Podemos recolher a mensagem como um estímulo a sermos nós também, sempre mais, reflexos da beleza de Deus, mesmo em nosso corpo quebrado. 
Força de um símbolo 
A imagem de Nossa Senhora Aparecida é um símbolo. Sua realidade material é terra trabalhada pela arte de um homem e cozida ao forno. O coração humano que busca Deus, foi capaz de fazer dela um símbolo que nos une com a realidade espiritual, sem que ela deixe de ser matéria. O símbolo é um meio de encontrar Deus, a Virgem Maria e os Santos. A linguagem humana vai além das palavras. Deus, quando quis vir ao encontro do homem, se fez condição humana. Essa condição de Encarnação nos leva a perceber na imagem de Nossa Senhora Aparecida, um caminho para Deus. Ela também tinha em seus braços o Deus feito homem. Assim podemos nos aproximar dela e nos encontrar com Deus. Veneramos a Virgem Maria que intercede por nós e adoramos o Senhor.

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