sábado, 16 de outubro de 2021

nº 2115 Artigo - Mãe do povo

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Mãe conhece os filhos 
A Igreja ensina que o povo, no seu conjunto, não erra. Há diversas regras para a garantia da fé: a Escritura, a Sagrada Tradição; os Pais da Igreja (santos mestres antigos), os ensinamentos dos Papas, a Sagrada Liturgia e a Fé do Povo. Esses elementos estão unidos entre si. O que um ensina, está em consonância com os outros. Quando ouvimos que o povo em seu conjunto não erra. Podemos perceber a profundidade do ensinamento, mesmo que as palavras sejam simples. É muito triste ver determinadas seitas tirando a fé do povo. Como o protestantismo trouxe a Europa ao ateísmo, temo que, a invasão das seitas, leve o querido povo ao ateísmo popular. Os santuários preservam esse aspecto da fé popular. Ele se expressa naturalmente. Os símbolos preenchem muito a formulação das verdades. O homem é simbólico. Os símbolos falam mais claro. O povo sempre diz: a casa da Mãe, da Mãezinha. É o sentido da Igreja que Maria representa: é a casa de Deus para todos. A Mãe é acolhedora. Ela sabe como acolher os filhos. Eles vêm com muita alegria. A Igreja é casa de todos. Não tem partidos, nem discriminação de pessoas, evita-se destacar os importantes. Há o respeito às autoridades, mas não é partidário. O conceito da mãe que acolhe é muito claro quando vemos as imensas filas para passar diante da Imagem. Na realidade, por experiência, o símbolo tem algo mais que um símbolo frio. O calor humano expressa o calor da Mãe que acolhe. Se a imagem é um símbolo. Mas, para Jesus e sua Mãe, nós somos uma realidade. O símbolo explica a realidade. 
Gestos humanos da fé 
Como dizemos que gostamos de ver com as mãos, a fé do povo também se expressa em gestos. Vemos as muitas promessas. Criticamos, mas nos esquecemos que elas partem do coração e do modo como esse coração entende. Ouvi um pastor, “importante”, dizer que esse povo que vem a Aparecida troca uma vela de dez centímetros pela bíblia. Conforme uso a bíblia é idolatria. É usar do sagrado, a Palavra de Deus, como instrumento e não como caminho de vida. Eu creio e expresso a fé através de meios humanos. Até o pão e o vinho se tornam o corpo do Senhor. Uma vela acesa é expressão da fé. Não precisa de palavras. Fazer uma promessa é mostrar o agradecimento. É uma atitude penitencial que perdoa. Fazer uma oferta é como se entregar pessoalmente. Não é um dízimo que arranca o pão da boca do pobre. Não se mede pelo valor, mas pelo coração. Jesus falou da oferta da viúva que deu tudo o que tinha para comer. Muito maior atitude que dos ricaços que deram do resto. Uma romaria a pé, a cavalo, ou seja, como for, é uma atitude de caminhada para Deus. Seu valor se mede pelo que está no coração da pessoa. Não despreze o humilde. 
Carinho de Deus 
O povo feliz no santuário tem a certeza de que está na presença de Deus e na presença de sua Mãe querida. Tenho visto sua alegria por estar aqui. É um povo feliz. Fizeram longas viagens, desde o Rio Grande do Sul, como Nordeste. Veio agradecer. Sinal que já sentiram a presença de Deus. Perguntamos tantas vezes: “Quem veio agradecer?” É muito mais do que quem veio para pedir uma graça especial. Sabem reconhecer. Já ouvi crentes evangélicos que receberam milagres. Deus quer cuidar de seus filhos. Nossa Senhora cumpre essa missão. Não tenhamos medo de fazer promessa. São Paulo cortou os cabelos, pois fizeram uma promessa de cortar os cabelos (At 18,18). Nesse tempo era consagrado a Deus (nazireu). O povo de Deus não erra na sua fé e a expressa em gestos.

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