quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Nº 2116 - Homilia do 30º Domingo Comum (24.10.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Que eu veja”
 O homem que clama 
 A Palavra de Deus apresenta o milagre de um cego que implora a cura e, curado, segue Jesus. Cego e mendigo! Muita miséria em um homem só. Ele é a expressão de um mundo necessitado e perdido em suas desgraças. Podemos dizer que representa a escuridão do mundo e a dor da miséria. O mundo padece. E não tem saída. Bartimeu pergunta quem está passando. Quando disseram que era Jesus, ele pede misericórdia. Mandam que se cale e ele grita mais forte. Jesus o chama. Sua misericórdia se estende a todos, mas é atento a cada um. Não trata o povo como massa. Há um diálogo bonito: “Que queres que Eu te faça? – Mestre, que eu veja!” “Vai, tua fé te curou!” (Mc 10,51-52). Recuperou a vista e seguiu Jesus. O milagre nos leva a entender o caminho do seguimento de Jesus: Gritar do fundo da miséria. Ele é o Redentor de todos. Buscar Jesus é já começar a ver. O resultado da fé é segui-Lo. Esse processo é o modelo de salvação do mundo: Sentir a própria situação, ouvir Jesus que passa e gritar por Ele. Só em Jesus temos a salvação. Há duas atitudes nas pessoas: abafar o grito dos sofredores e fazer-se surdo diante de todos os sofrimentos. Por outro lado, ajudar a ir ao encontro de Jesus. E animar: “Coragem! Levanta-te! Jesus te chama”! (Id 49). A comunidade tem uma missão muito grande de animar a encontrá-Lo. A libertação sempre acontece vinda da parte de Deus. Lemos em Jeremias 31,7-9 a beleza da a(tirar este”a”) libertação do povo. E o salmo 125 narra a maravilha da libertação. É uma alegria. 
Libertações 
A Palavra de Deus é animadora. Mesmo nos piores momentos há um raio de luz que dá a esperança. Nos desalentos do povo, os profetas animaram a buscar o Senhor, pois está sempre pronto a libertar. Lemos no salmo 106 (107) que retrata muito bem que o povo, em seus pecados, vai ao fundo do poço: “Gritaram ao Senhor na aflição e Ele os libertou da angústia” (Sl 106,6). A primeira leitura narra a libertação do povo escravizado durante 70 anos de exílio. E maravilhosamente Deus o libertou. As misericórdias de Deus são sempre sumamente superiores às fragilidades humanas. Basta ver que, para libertar o mundo do mal, não enviou um anjo, o que já seria bom, mas enviou seu Filho. Deus paga com justeza e ainda deixa uma grande gorjeta. Magnífico Deus. “Entre os gentios se dizia: maravilha fez com eles o Senhor” (Sl 125). Gera a alegria. O cego jogou o manto, deu salto e foi até Jesus. A fé tem uma dimensão profunda de alegria e não de sentimento de culpa pelos males praticados. Na missa antiga rezávamos o salmo que dizia: “Subirei ao altar de Deus, o Deus da minha alegria” (Sl 43,4). Tudo é festa. Lembramos a parábola do Pai bondoso e o filho perdido. “Convinha que fizéssemos festas, pois este meu filho estava perdido e foi encontrado” (Lc 15,32). A verdade por mais séria que seja, é razão de alegria. 
Cristo intercessor 
A Carta aos Hebreus captou o mistério da encarnação que penetra toda a vida de Cristo. Ela descreve o sacerdócio de Cristo voltado para as pessoas: “O sumo sacerdote é tirado do meio do povo e instituído em favor dos homens” (Hb 5,1). Reconhece que Cristo vive a fragilidade. Não é pecador, mas acolhe o pecador. “Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza” (Hb 5,2). A tentação não foi um momento de sua vida. Esteve sempre presente: “Meu Deus, por que me abandonastes”? (Sl 21,3). A fé que nos salvou (evangelho) nasce de sua força em Deus. 
Leituras: Jeremias 31,7-9; Salmo 125; 
Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52 
Ficha nº 2116
Homilia do 30º Domingo Comum (24.10.21) 
1. A misericórdia de Deus se estende a todos, mas é atenta a cada um. 
2. As misericórdias de Deus são sempre sumamente superiores às fragilidades humanas. 
3. A tentação não foi um momento de sua vida. Ela esteve presente até o último momento. 
Escapei 
Eu estava num aperto danado e achei que dessa vez não tinha jeito de escapar. Mas, por um nada, como acender uma luz, tudo mudou, tudo ficou claro. Parecia que não tinha saída. Mas essa veio justamente do lugar menos esperado. Lembrei: “Quem libertou os judeus”? Um rei pagão que politicamente se realizou uma obra programada por Deus. Assim também nós recebemos dons de Deus, justamente de onde não se podia esperar. Para abrir uma porta grande e pesada, basta um giro da chave. Assim Deus faz... que bom... exultamos de alegria. Aí fazemos aquela festa.

Um comentário:

  1. Mais uma inspirada e abençoada reflexão. Textos que são como luvas que encaixam nossas maõs. Parabéns e obrigado!
    Pedro Luiz Dias. (Editoria do PORTAL UNESER).

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