sábado, 1 de janeiro de 2022

nº 2137 Artigo - Presentes do Natal

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Permanece conosco 
O Natal é tão rico que acabamos por nos perder na agitação de tantas riquezas espirituais. Deus é generoso e é abundante em seus dons. Dizemos que Jesus é aniversariante do Natal. Deus chega sempre primeiro como doador de todos os dons, e traz o presente: “Vede que prova de amor nos deu o Pai, que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos o sejamos de fato” (1Jo 3,1). A Filiação Divina não é só um fato de dom que nos constitui filhos, mas é o dom da entrega de Deus a nós, em Jesus, para nos comunicar sua vida e nos levar à comunhão com Ele. Jesus, Filho de Deus, em sua Natureza Divina assumiu a natureza humana. Assim somos filhos de fato. De fato não se trata de adotado, mas está na união à Natureza Divina. Jesus assumiu a natureza humana. Na missa do Natal temos a bela expressão “admirável comércio” (Oração sobre as oferendas): assim se traduziu: “Acolhei, ó Deus, a oferenda da festa de hoje, na qual o Céu e a terra trocam seus dons, e dai-nos participar da Divindade Daquele que uniu a Vós nossa humanidade”. Na pessoa de Jesus estão as duas naturezas: Divina e humana. Ele não deixou de ser Deus. Na terra eram visíveis suas condições humanas. Seus milagres mostravam raios de sua Divindade. Na vida glorificada, a realidade humana recebe a máxima dignificação apresentando sua Divindade. A natureza humana não obscurece seu ser Divino, mas ao faz cada vez transparecer. Seu nascimento na natureza humana nos dotou de sua Natureza Divina. 
Deus de Deus 
O Natal é a celebração do nascimento de uma criança que é o Filho de Deus. Até S. Francisco não havia presépio. O presépio ajudou a facilitar a compreender mais naquela situação de simplicidade do povo pobre. Há, contudo, algo que está se diluindo na celebração do Natal. A ternura do presépio, o brilho dos enfeites e tudo o que os olhos captam fazem perder o mais importante: Deus nasceu entre nós. Isso é o fundamental. Somente nós, os cristãos, acreditamos que a Divindade entrou no mundo pelo Filho de Deus feito homem, Jesus de Nazaré. Não foi um homem divinizado, mas Deus humanizado. No anúncio do nascimento de Jesus o Anjo Gabriel diz: “Ele será grande e será chamado (é) Filho do Altíssimo” (Lc 1,32). No presépio estamos diante do Filho de Deus, feito homem. É um mistério estonteante. Quando crermos em Deus e nos seus planos, compreenderemos o que é ver em Jesus o Deus eterno. Ele será o Salvador. Diz o Anjo aos pastores: “Nasceu para vós um Salvador, o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Temos que reconhecer naquela Criança, mais que um belo menino, o Deus Encarnado. Quem nasceu foi o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade. Voltemos a crer em Jesus, Filho do Deus Altíssimo. Crer desse modo poderia fazer recuperar a beleza intensa de Deus no Natal. 
Encarnou-se no seio de Maria 
Se por um lado não podemos nos esquecer da Divindade de Jesus, por outro não podemos diminuir sua humanidade. A partir do anúncio do Anjo, começa no seio de Maria a gestação de um homem que é Deus. Tudo o que era humano estava presente em Jesus, menos o pecado, que é criação do homem (Hb 4,15). Não estava isento da tentação, mas não provou o pecado. Essa dimensão da humanidade de Jesus penetra tudo o que Ele nos ensinou e deixou para constituir a Igreja e todo o ensinamento do Evangelho. Tendemos a tirar o humano de Jesus que continua presente em seus sacramentos e em sua Igreja.

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