terça-feira, 25 de janeiro de 2022

nº 2143 Artigo - Culto Litúrgico

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Liturgia é culto 
O culto é uma dimensão do ser humano e da vida da comunidade. As pesquisas arqueológicas, quase sempre partem da descoberta de lugares de culto. Os povos nômades celebravam suas festas. Os judeus, depois de sedentários, a partir do tempo do Êxodo, foram se organizando em torno da tenda da reunião, em volta do símbolo precioso da arca da aliança. Com o estabelecimento da realeza, chegou-se à bela construção do grandioso templo. Este tinha uma bela liturgia e belos cânticos, tanto que, os que haviam levado os judeus como escravos, diziam: “Cantai-nos os cânticos de Sião” (Sl 136,3). Os cristãos não tiveram edifícios de culto nos três primeiros séculos da fé cristã. Celebravam pelas casas a ceia que foi se estruturando no rito eucarístico. A liturgia é seu culto. Seu encontro com Deus se faz na novidade de Cristo, organizando-se numa celebração comum. Sua característica é a presença de Cristo, sacerdote, que preside a celebração de todo o corpo da Igreja. A dimensão fundamental da liturgia está em sua definição no documento do Vaticano II, Sacrosanctum Concílium nº 7, diz que “Cristo está sempre presente na sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da missa, quer na pessoa do ministro... quer nas espécies eucarísticas. Está presente nos sacramentos. Está presente na Palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente na Igreja que reza e canta”. Está presente nos diversos ministérios e serviços que se realizam no Cristo Servidor. Cristo está presente em seus mistérios.
Dimensão cultual 
Todo culto a Deus vem do próprio Deus que coloca no ser humano essa necessidade. Na Igreja, o culto tem sua origem no relacionamento do Filho com o Pai no Espírito. O culto é natural no ser humano. No culto, a Igreja está unida a Cristo: “Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a Si a Igreja, sua esposa muito amada, que invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno Pai” (SC 7). O culto cristão corresponde a sua necessidade, mas participa do culto de Cristo ao Pai. Só em Cristo o culto atinge sua plenitude. Nós nos unimos a Cristo em seu Mistério e em seus mistérios acontecidos entre nós em sua encarnação. É a dimensão memorial que nos dá condições de celebrar os mistérios de Cristo, prestando culto ao Pai, com Ele. Nós não repetimos os fatos nem lembramos como algo que aconteceu. Pela ação litúrgica participamos do único acontecimento que não se repete, mas permanece. Na Eucaristia cumprimos a ordem de Jesus: “Isto é meu corpo que é dado por vós. Fazei isso, em memória de mim” (Lc 22,19). 
Tempos litúrgicos 
As celebrações acontecem na vida de uma comunidade concreta que vive tempos diferentes tanto no tempo físico, como na estrutura litúrgica. Entramos na categoria tempo que é parte integrante do culto. Assim temos tempos diferentes na liturgia que nos inserem nessa realidade. Infelizmente o culto perdeu muito dessa dimensão e passou a ser um texto que se lê. O ano litúrgico, em suas diversas divisões, nos introduz no mistério de Cristo no momento em que vivemos. Sua finalidade é educativa, memorial e missionária. Conhecemos melhor o mistério e o celebramos com mais intensidade de fé e de atuação na vida. Assim temos o Tempo Pascal, o Tempo do Natal e o Tempo Comum. Todos os tempos convergem para a Páscoa. Todas as celebrações vivem essa unidade.

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